Bento Gonçalves

Inadimplência cresce 17% no primeiro semestre e chega a R$ 11,5 milhões

Inadimplência cresce 17% no primeiro semestre e chega a R$ 11,5 milhões


Números da inadimplência são apresentados pelo presidente da CDL, Marcos Carbone. Foto Gerson Lenhard

Somam R$ 11,5 milhões os prejuízos do comércio de Bento Gonçalves, se somadas todas contas em atraso dos consumidores no comércio local. A conta é da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e se refere aos dados do primeiro semestre deste ano. Em comparação com igual período em 2016, o acréscimo é de 17%, já que o montante, então, era de R$ 9.769.304.

Na avaliação dos dados, apresentados na noite de quarta-feira pelo presidente da CDL, Marcos Carbone com dados obtidos com o auxílio do SPC, o comércio é o segmento que concentra a maior parte da inadimplência no Brasil como um todo, com 38% das dívidas e em Bento o aumento é “gradativo e permanente”.

O montante de R$ 11,5 milhões, frise-se, não contempla dívidas relativas a contas com luz, água, telefonia, nem cartões de crédito ou consórcios. Refere-se apenas ao comércio local e a associados da CDL que registram os atrasos no SPC. O bom dado é que o número de pessoas negativadas teve um decréscimo na ordem de 1,2%, o que significa que o perfil da dívida aumentou. Hoje metade dos lançamentos se refere a dívidas de R$ 100 a R$ 250. A outra metade refere-se a dívidas superiores a R$ 500.

O perfil dos devedores mostra uma diferença sobre levantamento anterior: subiu a faixa etária dos devedores que está situada entre os consumidores com idades entre 30 e 50 nos. Na questão de gênero as mulheres lideram, representando 67% dos devedores contra 33% do público masculino.

Recomendação do comerciante e presidente da entidade lojista é que os comerciantes não esperem para registrar o atraso nas contas junto ao SPC. “A nossa experiência e as pesquisas demonstram ser recomendado que a partir do décimo ou décimo segundo dia de atraso o registro deve ser feito. A probabilidade desta conta ser paga dentro do mês cresce muito”, ensina Carbone.

Tal afirmação é baseada em dados. Os registros feitos nos três primeiros meses mostram que a recuperação do crédito se dá em 14,5% dos casos. Já quando o registro ocorre dentro do primeiro mês, a recuperação é de 20%.

Outro dado interessante diz respeito a uma expectativa: a de que parte do dinheiro das contas inativas do FGTS vá ser destinada à quitação de dívidas no comércio. Segundo levantamento do SPC Brasil, dos 3,5 bilhões de reais que estão sendo liberados no último lote, praticamente um terço, ou R$ 1,2 bilhão serão destinados à quitação de dívidas.

Empresas devem mais

Um claro sintoma da crise na economia são os números de dívidas relacionados com as pessoas jurídicas. Há um incremento de 32% na dívida das empresas no primeiro semestre deste ano em relação ao primeiros semestre do ano passado. O valor da dívida subiu 18%. “As empresas estão devendo mais porque sentiram fortemente os efeitos do ciclo de retração desencadeado no Brasil pela sucessão de crises políticas e econômicas”, analisa Carbone com base em seu conhecimento empírico, já que não há uma pesquisa que demonstre cabalmente os motivos desta situação.