Brasil

Comércio em Pacaraima paralisa com fechamento da fronteira com a Venezuela

Foto: (Marco Bello/REUTERS/Divulgação)
Foto: (Marco Bello/REUTERS/Divulgação)

Após o fechamento da fronteira entre Brasil e a Venezuela, a economia do comércio de cidades próximas da divisa entre os países, como Pacaraima (RR) está sendo afetada. O fechamento da fronteira foi determinada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no dia 21 de fevereiro, onde desde seu fechamento empresários relatam os impactos negativos da decisão de Maduro para o comércio.

O empresário Fabiano Coelho de Moraes, dono de um laboratório clínico e de uma farmácia em Pacaraima, em entrevista para a Agência Brasil relatou que já demitiu duas pessoas por causa da baixa procura no comércio. “A situação é a mais crítica. Do nada, cortaram tudo. Há muito estoque de mercadoria e o pagamento dos boletos dos fornecedores estão em atraso. Não temos como pagar”, contou, ao assinalar que a situação de supermercados e vendas com produtos perecíveis é ainda mais crítica.

Os comerciantes e a população de Pacaraima também perderam acesso aos postos de combustíveis na Venezuela. Não há postos na cidade fronteiriça brasileira e para conseguir abastecer diretamente o carro precisam ir até a capital Boa Vista, a 215 quilômetros. O preço do combustível vendido em toneis em Pacaraima chega a R$ 8 o litro, cinco vezes mais caro do que o valor pago na Venezuela (R$ 1,5).

Apesar do fechamento da fronteira, alguns venezuelanos conseguem atravessar a fronteira dos dois países por dois caminhos menos fiscalizados pela polícia venezuelana para se abastecer e retornar ao país. Mas há um contingente que não tem meios de voltar e acaba sendo atendido pela Operação Acolhida, do Exército brasileiro e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Na cidade, cerca de 700 venezuelanos dormem em dois abrigos da Acnur e há mais de mil pessoas nas ruas. A presidente da Associação Cultural Canarinhos da Amazônia, que atende a 238 famílias (80 crianças) reconhece o trabalho do Exército e da Acnur, mas assinala que a distância da cidade, no extremo norte do Brasil, e a proximidade com a Venezuela em conflito político e em situação social precária é muito preocupante. “Estamos ilhados aqui. O Brasil precisa nos ver com outro olhar”.

De acordo com o IBGE, 95% da renda de Pacaraima depende das transferências federais e do estado de Roraima. A população, estimada em 15 mil habitantes, tem renda per capita de R$ 13,5 mil ao ano – e salário médio mensal de 1,8 salário mínimo.