Um presidente denunciado que usa de todas as artimanhas e artifícios que pode pra se manter no poder a todo custo prova que um dos maiores problemas desse nosso país de botocudos é essa relação promíscua entre o poder e o parlamento.
Um ex-presidente condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um episódio que envolve ocultação de patrimônio e troca de favores prova que uma das maiores chagas abertas dessa nossa república de bananas é essa relação promíscua entre o público e o privado.
Sem entrar no julgamento do mérito dos dois casos, eles provam que o momento brasileiro é de extrema incerteza, e mesmo esses episódios à primeira vista possam parecem uma afirmação inequívoca de que a lei agora é feita pra todos e que ninguém está acima dela, eles não são conclusivos, e ainda esperam comprovação e trânsito em julgado.
O certo é que, deixando de lado as ideias políticas de cada um desses lados que se digladiam nas ruas, nos parlamentos e nos tribunais, chegamos a um momento crucial da política brasileira, onde de todos os modos a democracia sofre e se despedaçam todas as esperanças.
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Ou será que alguém pode dizer que a denúncia contra Michel Temer, o primeiro presidente do país denunciado por um crime comum no exercício do mandato pode de algum modo redimir um Congresso corrupto?
Ou será que alguém pode dizer que a sentença contra Lula, o primeiro presidente do país condenado por motivos criminais desde a constituição cidadã, pode mesmo significar a esperança de que a justiça seja finalmente igual para todos?
Ainda é cedo pra cravar uma resposta.
Porque ainda precisamos que todos os outros políticos, denunciados, acusados e réus, acabem condenados por essa mesma justiça que arrasta investigações e julgamentos de poderosos há décadas e décadas pra que a gente supere a verdade histórica de um país onde vai pra prisão os pobres, os negros e os ladrões de galinha.
