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Seis meses como uma nau à deriva

Seis meses como uma nau à deriva

 

Que o prefeito Guilherme Pasin está submerso nas dificuldades financeiras que herdou de seu primeiro mandato, e que, afogado pela certeza de que é preciso enxugar a máquina pública e cortar na carne pra garantir o equilíbrio financeiro, apostou na compactação dos recursos públicos em áreas essenciais, no que chamou de implantação de um estado necessário, e um entendimento com os parceiros pra evitar gastos, o que se vê nesses primeiros seis meses de governo é que isso não aconteceu.

E o governo continua afogado na crise, sendo engolido pelo repuxo e sem condições de nadar até alcançar a praia.

A impressão é que diante da imensa vitória conquistada nas urnas pro segundo mandato, Pasin teria força pra se colocar acima dos desejos comezinhos e poderia impor o modelo em que acreditava, mas essa impressão ruiu como um castelo de areia atingido impiedosamente pelas ondas dos interesses da política.

Porque, infelizmente, nem sempre os interesses da política são os mesmos da população a quem deveria servir, e, muitas vezes, o que fala mais alto é o compromisso com o apoiador, a distribuição do cargo e a manutenção da vantagem concedida, e não a necessidade de oferecer um bom serviço à população e a urgência de eliminar carências.

A impressão é que Pasin ainda é o refém que se tornou durante a campanha eleitoral de um acordo que ele se obrigou a fazer pra não correr riscos e inscrever definitivamente seu nome na história de Bento Gonçalves como o legítimo herdeiro, sucessor e capitão do barco do eterno timoneiro Darcy Pozza.

Por conta disso, nestes 180 dias, Pasin não fez o que queria, e nem o que prometeu: não eliminou secretarias, não diminuiu a máquina pública, não instalou um gabinete técnico, e parece não conseguir nem indicar um titular para a secretaria de agricultura ou um sucessor pro demissionário secretário do turismo.

É evidente que há também pontos positivos: a implantação da prometida secretaria de segurança é um ponto a favor, e o encaminhamento de uma solução definitiva pra novela do novo presídio mostra que há salvação no tsunami da crise.

Nestes 180 dias, Pasin cortou onde pode e às vezes até onde nem devia, acertou na demissão de terceirizados, mas errou na redução do quadro e dos serviços em áreas importantes como a saúde, e ainda flutua entre as nomeações insuficientes e a voracidade dos parceiros por cargos em comissão e funções gratificadas.

A verdade é que a gente olha pra cidade e vê que os projetos pendentes estavam na agenda há cinco anos.

Mas enquanto alarga o olhar para um horizonte muito além dos parreirais, a nossa esperança é que ele mantenha o fôlego da aprovação popular e o tempo necessário pra acertar o rumo, porque a impressão que fica é que esses primeiros seis meses apenas adiaram a instalação do novo governo, que, como uma nau à deriva, parece ter sucumbido pra além da rebentação do fisiologismo dos parceiros.