Opinião

Uma posse da esperança e do medo

Uma posse da esperança e do medo


Quando todos os brasileiros votaram numa proposta – ainda que não expressada em debates ou no tempo exíguo de TV, tinha-se a noção do que o presidente eleito representava em termos ideológicos – estes cidadãos votaram, sobretudo, na interrupção de um projeto que não demonstrou fôlego no aspecto de garantir as conquistas sociais pela envergadura da economia e falhou feito no conceito ético.

Neste sentido é justo dizer que no dia 1º, quando Jair Bolsonaro estiver subindo a rampa do Palácio do Planalto, de onde comandará mais de 200 milhões de brasileiros pelos próximos quatro anos, sobe com ele a esperança de um novo Brasil. No mínimo, um Brasil diferente.

Muitos comparam Bolsonaro a Collor, mas veja que até Collor prometia governar para os descamisados. O novo presidente passa longe deste tipo de conceito. Vai governar para a família tradicional, para conceitos conservadores com o que de bom e de ruim eles tragam embutidos. Afinal, quem é contra a família como base da sociedade? O difícil vai ser demostrar a certas pessoas que isto não implica em agressão a LGBTs – e não adianta proclamar isto em discurso se a prática e pequenos gestos indicam caminho contrário.

A opção petista de trazer para o mundo do consumo milhões de brasileiros aliada ao desarranjo da economia corroeram a confiança no Governo de esquerda do PT. Mas, mais do que isto, a pá de cal foi descoberta de uma estrutura de corrupção sem precedentes e que todo o brasileiro condena. Então, assim como o PT fez enquanto oposição, também o novo Governo chega com esta missão nada simples: a de acabar com a corrupção, que se encontra nos locais mais prováveis, ou seja, onde se decidem grandes licitações, mas também em repartições mais obscuras em pequenas prefeituras no interior do Brasil.

Trata-se de um desafio colossal e que não se resolve de uma penada ou no calor da popularidade em alta. É preciso ser insistente, constante, intolerante e atacar em todas as frentes. Neste sentido a presença de Sérgio Moro no Governo aumenta a boa expectativa. Aliás, Moro palestra nesta quinta-feira aos seus futuros colegas de ministério e deve estar ensinado sobre sinais de que algo pode estar ocorrendo na penumbra.

Teremos uma posse de muita gente presente. Especula-se de 200 a 500 mil pessoas em Brasília (será?). Mas também uma solenidade cercada de cuidados. Há um justificado medo de que um novo atentado possa ocorrer. Neste sentido, todos os cuidados são importantes e certamente inibirão algum maluco ou qualquer rede criminosa de tentá-lo. Sou levado a crer que sim, há clima para tanto, um clima iniciado ainda na eleição presidencial anterior e que ninguém sabe dizer quando se dissipará.