Opinião

De Theodomiro a Temer um país que mudou

De Theodomiro a Temer um país que mudou


Theodomiro Romeiro dos Santos, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, começou a combater a ditadura brasileira aos 14 anos de idade, e chegou a ser preso aos 18, mas antes matou um dos agentes ao resistir à prisão. Este é o personagem real de um filme que vem sendo exibido no canal Brasil. Lançado em outubro de 2016 o documentário tem dinâmica própria com documentos que retratam de forma leve um passado cheio de culpas, perdas e torturas. Theodomiro refaz toda a sua trajetória, contando desde a sua prisão à fuga, passando pelo militar em que ele matou e perdeu amigos. Vale a pena ver. É um tipo de “Os dias eram assim”, seriado da Globo, mas sem ficção. E volto a dizer, trata de forma leve um assunto pesado.

Mas e num dia cheio de manchetes lá venho eu com algo com tão antigo quanto os meus mais de de 50 anos de vida? Pois é exatamente para mostrar como evoluímos em algumas coisas neste meio século, já que vivemos a lamentar pelo que perdemos e involuímos.

Ontem saiu a condenação do ex homem forte das finanças do PT. Antônio Palocci era o operador que trabalhava no palácio presidencial. Na primeira condenação – porque o que todos esperam é que venham outras – pegou 12 anos. Bem melhor do que os irmãos Joesley e Wesley Batista, que se locupletaram, enriqueceram, traíram e vão seguir ricos e jogando um jogo pesado fora do Brasil. Eles que se cuidem porque lá fora a história é outra.

Também ontem o Procurador da República ofereceu denúncia contra Temer. Momento histórico. É a primeira vez na história que um presidente no exercício é denunciado por crime comum. No caso, recebimento de propina. Para Janot e para a maioria dos brasileiros não resta dúvida quanto a isto. Vale o mesmo para Sérgio Moro em relação a Lula e os milhões de brasileiros que não querem votar nele.

Lá no início dos anos 70, Theodomiro precisou fugir para não ser morto. Matou um policial para não ver seu amigo morrer. Foi torturado e chegou a ser condenado à morte. Então fugiu. O governador da Bahia era Antônio Carlos Magalhães e à época não se admitia quem discordasse dos poderosos. Isto, aliás, está bem retratado na minissérie da Globo. Hoje os poderosos são investigados, gravados, perdem o poder e em breve, poderão ir para a cadeia, sem totalitarismo, em pleno regime democrático.