Quase 70% dos agressores de mulheres não têm antecedentes criminais em Caxias

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social (SMSPPS), 67,39% dos agressores de mulheres atendidas em 2018 no Centro de Referência da Mulher (CRM), não têm antecedentes criminais.

Os dados atendimentos foram apresentados nesta segunda-feira (26), durante a abertura da campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”, no auditório da Câmara Municipal. A programação, organizada pela Coordenadoria da Mulher, da SMSPPS, e pela Rede de Proteção à Mulher, segue até 10 de dezembro.

Conforme a apuração da unidade, de janeiro a outubro de 2018, o CRM fez 2.614 atendimentos, 627 casos a mais do que todo o ano anterior. A maior parte, 57,4%, já havia sido atendida em outras oportunidades, devido ao acompanhamento. Os índices apresentados também dão conta de que 33% dos agressores têm faixa etária entre 30 e 39 anos, enquanto 22% estão entre 20 e 29 anos.

A secretaria considera positivo que a maioria das usuárias do CRM (81%) tenha registrado boletim de ocorrência contra os agressores e que pelo menos 65% possuíam medida protetiva. A maior parte das mulheres atendidas tem 30 e 39 anos (31%) ou entre 20 e 29 anos (28%). Os dados também registram que a maioria, 25%, não completou o Ensino Fundamental; e apenas 9% têm Ensino Superior.

Responsável pela Coordenadoria da Mulher, Janete Thomé abriu a programação. “Esses 16 dias são uma oportunidade para todos nós sermos propagadores de conhecimento e informação para mulheres que sofrem qualquer tipo de violência.

Cabe a cada um, enquanto prestadores de serviços e comunidade, alcançar essas vítimas que, por medo, insegurança, ou por não conhecerem seus direitos, passam por situações de agressão doméstica ou familiar. Precisamos colocar um fim na cultura de silêncio e dar voz a essas mulheres”, explicou.

Franciele Roso, diretora de Proteção Social, abordou a necessidade de tratar do assunto. “Frequentemente recebemos questionamentos sobre o porquê realizar campanhas como essa; perguntam se ainda existe violência contra a mulher.

E eu respondo que infelizmente sim, existe, e que essas ações são necessárias. Segundo os dados do CRM, aumentou o número de mulheres agredidas nos últimos anos. Nosso desafio é criar estratégias e movimentos, como esse, para reverter essa situação”, informou.

Após a solenidade de abertura, a programação continuou com a apresentação da tese “Para além do exame do corpo agredido – as percepções das mulheres na violência de gênero”, da psicóloga Raquel Conte. Em seguida, o tema foi a mulher negra, com informações apresentadas por Alessandra Pereira, responsável pela Coordenadoria de Igualdade Racial. A contextualização de dados sobre a violência contra a mulher caxiense foi apresentada pela psicóloga e gerente do CRM, Thais Isabel Dallegrave Bampi.
Parentesco dos agressores

Conforme o relatório do CRM, a maioria das vítimas foi agredida por ex-companheiros, um percentual de 48,61%. O atual marido foi apontado em 34,95% dos casos; enquanto filhos aparecem em 5% das ocorrências. Casos de violência psicológica são os mais comuns, com 29,97%. Agressão física aparece em 23,90% das situações e 23,28% das mulheres foram ameaçadas de morte. Outros atendimentos feitos pelo CRM correspondem a 9,57% de violência moral, 8,87% de dano patrimonial e 4,47% de agressão sexual.