Os venezuelanos não vão roubar teu emprego

É da condição humana. Até nos compadecemos com as injustiças e mazelas da vida alheia quando isto acontece a muitos milhares de Quilômetros de distância. Mas o que nos aflige mesmo é aquilo que está à distância de um olhar, ou o que podemos ouvir com nossos próprios ouvidos ou mesmo sentir o odor. O cheiro do sujo, do podre, o cheiro do descaso e da injustiça.

Desde o final da segunda guerra mundial não havia uma corrente migratória tão intensa. A Europa devastada obrigava povos inteiros a se deslocarem em busca de u novo lar e antes disto, de comida. Agora vemos fugindo, segundo estimativa da ONU, 60 milhões de seres humanos, metade dos quais crianças, fugindo da miséria e da devastação, por guerras, fatores climáticos ou pela destruição da economia interna de seus países.

Enquanto isto acontece em Bangladesh, no Afeganistão, Síria ou Sudão, o problema parece ser só da Europa, que se obriga a acolher esta gente. Milhares morrem no mar Mediterrâneo e portos se fecham para receber navios que acolheram migrantes náufragos. É um novo holocausto que não distingue cor ou raça.

Pois na semana passada se anunciou que Canoas e Esteio receberão mais de 600 venezuelanos que em Paracaima vivem o drama de nada terem e serem corridos como cães sarnentos. É verdade, trata-se de um problema sério. Não há como uma cidade ou um estado receber tanta gente quanto Roraima tem recebido sem a óbvia desestruturação social e riscos à segurança. Era necessária a ajuda federal que acabou vindo,. O reassentamento deverá ser feito em todo o país. Uma onda de solidariedade menos barulhenta do que a rejeição vem acontecendo.