Bento Gonçalves

Pesquisas mostram benefícios da uva e derivados à saúde humana em simpósio

Pesquisadores brindaram resultados de estudos científicos (Foto: Gilmar Gomes/divulgação)
Pesquisadores brindaram resultados de estudos científicos (Foto: Gilmar Gomes/divulgação)
Pesquisadores brindaram resultados de estudos científicos (Foto: Gilmar Gomes/divulgação)

A apresentação de pesquisas que reforçam os benefícios à saúde da uva e de seus derivados – como o vinho e o suco 100% – foi o principal destaque da terceira edição do Simpósio Internacional Vinho e Saúde, que encerrou no sábado, dia 3 de junho, em Bento Gonçalves.

Os trabalhos mostraram resultados que indicam benefícios que vão além da nutrição, atuando na prevenção, proteção e combate a doenças que afligem o ser humano.

Com a participação de cerca de 200 pessoas da comunidade científica, da saúde e do setor vitivinícola, e palestrantes de cinco países, a programação iniciou na quinta-feira, dia 1º de junho, e encerrou com a mesa redonda que debateu como a descoberta dos benefícios dos derivados da uva à saúde promove uma reação em cadeia.

Estamos descobrindo cada vez mais motivos para pesquisar esses produtos, não apenas por questões científicas, mas também por envolver aspectos econômicos e sociais. O suco e o vinho podem integrar estratégias para melhorar a saúde das pessoas”, resumiu a biomédica Caroline Dani, presidente do Simpósio.

Durante os três dias de programação, 12 palestrantes do Brasil e do Exterior (Estados Unidos, Espanha, França e Reino Unido) expuseram os avanços em pesquisas científicas ligadas ao câncer, a neuroproteção (memória), a obesidade, a flora intestinal, ao coração e ao desempenho de esportistas. O evento incluiu, ainda, três minicursos e apresentações de 52 trabalhos acadêmicos inéditos sobre a uva e seus derivados.

Estudos como os benefícios transgeracionais do consumo do suco de uva (que passam da mãe para os descendentes) na prevenção ao câncer de mama, apresentados inéditamente por Caroline Dani, o papel do consumo moderado do vinho em uma dieta balanceada combinada com exercícios e seus benefícios ao coração, presente na pesquisa do Predimed/Dieta mediterrânea, feita pela especialista espanhola Rosa María Lamuela Raventós, os efeitos do vinho na flora intestinal e, por consequência na imunidade e no favorecimento do metabolismo humano (Wine Flora), analisada pelo cardiologista do Instituto do Coração (Incor/SP) Protásio Lemos da Luz, que estuda o tema há 18 anos, assim como a ingestão de Champagne e sua relação com efeitos neuroprotetores e de memória, encabeçada pelo pesquisador britânico David Vauzour foram alguns dos destaques da programação.

Para o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus, investir nesse campo de investigação é a chave para a segurança e expansão da cadeia produtiva. “As informações interferem nas escolhas dos consumidores, provocando uma reação em cadeia. Os consumidores gostam de comer e beber aquilo que lhes faz bem”, avalia.

Carlos Paviani, diretor de Relações Institucionais do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), acredita que os reflexos passam por diferentes etapas antes de atingirem especificamente os consumidores. “A reação em cadeia está ligada a três campos: científico, comunicação e socioeconômico. A pesquisa gera novas pesquisas e eventos como esse geram novas perguntas; a comunicação apresenta todos os pontos de vista. Ela traduz os estudos levando ao entendimento do público; e essas pesquisas e suas divulgações ajudam a elevar o consumo dos produtos, possibilitando o consumidor a fazer melhor as suas escolhas”, completa.

É absolutamente essencial essa interdisciplinaridade entre as áreas da saúde. Você não pode mais trabalhar sozinho. É preciso agregar pessoas que tenham competências diferentes, mas que possam ter o trabalho convergido para um só. A interdisciplinaridade é essencial na área da medicina”, pontua o presidente de honra do Simpósio, Protásio Lemos da Luz.

O III Simpósio Internacional Vinho e Saúde foi uma realização do Ibravin, com apoio da Associação Brasileira de Enologia (ABE), da Embrapa Uva e Vinho, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – fundação do Ministério da Educação (MEC) – e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).

Ao final, os organizadores firmaram compromisso de retomar o evento daqui a três anos, possibilitando o desenvolvimento e apresentação de novos estudos ligados ao tema.

 

Veja alguns benefícios apontados nas pesquisas:

– Prevenção de doenças cardiovasculares e redução da pressão arterial;

– Diminuição dos índices do mau colesterol (LDL) e aumento do bom colesterol (HDL) no sangue;

– Redução de danos oxidativos em estruturas cerebrais, podendo reduzir o risco do aparecimento de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer e Parkinson;

– Melhora na cognição e na memória;

– Ajuda na prevenção de alguns tipos de câncer, como os de pulmão, intestino, mama e cólon;

– Favorece as funções hepáticas do fígado;

– Redução de riscos de doenças renais;

– Auxilia no combate à obesidade;

– Acelera o metabolismo, reduzindo o ácido úrico, e, consequentemente, combatendo a fadiga;

– Aumenta o desempenho de atletas;

– Melhora a circulação periférica favorecendo a nutrição para os músculos;

– Repara as células do corpo, reduzindo os efeitos do envelhecimento e auxiliando em doenças associadas ao envelhecimento;- Auxilia no funcionamento da flora intestinal;

– Fortalece o sistema imunológico, já que possui ativos com poder anti-inflamatório e antimicrobiano.