Fé, força e coragem. Assim, os moradores do distrito de Vila Oliva, interior de Caxias do Sul, reconstruíram a comunidade atingida por um tornado na madrugada do dia 8 de junho de 2017. Hoje, um ano depois, o cenário ainda é de reconstrução, não de bens materiais, mas sim da tranquilidade. O saldo da destruição foi extremamente negativo: duas vidas perdidas, mais de 150 famílias desabrigadas e centenas de residências destruídas. Para recuperar a paz, o caminho ainda é longo.
“A única coisa que hoje nos assusta é quando vem uma nuvem escura, começa fazer muito vento, a gente fica bastante preocupado”, diz Rogério Daneluz, de 52 anos. Uma Vila nova, assim descreve um dos moradores que vive o dia a dia da localidade.
“Nós estamos levando uma vida normal, com recursos próprios nós reconstruímos praticamente tudo que foi perdido. Uma das coisas boas que ficou, quando a gente chega em Vila Oliva, nos deparamos com uma nova Vila Oliva. A parte traumática, é quando o tempo fica feio, vem temporal”, completa Daneluz.
Do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Raposo Tavares, que foi abaixo com o tornado, ficaram apenas lembranças e uma estátua em frente ao terreno hoje baldio. Para Rogério, esta é uma das necessidades atuais para os moradores, pois além de cartão-postal, o CTG reunia todos no mesmo ambiente de integração.
“O que falta ainda para tentarmos reconstruir é o CTG Raposo Tavares. Era algo que fazia parte de Vila Oliva. Tem que ser reconstruído. Precisaria ajuda, talvez, do poder público. É a parte onde as pessoas iriam para se reunir. O próprio campo de futebol, que faz parte da comunidade, é a nossa área de lazer. São nossos cartões-postais, assim como nossa praça. Nós precisamos disso”, salienta.
A Batalha da Dona Nair
Mãe, Avó, Bisavó. Dona Nair Daneluz, 82 anos, lembra com detalhes da fatídica madrugada em que o tornado atingiu a comunidade de Vila Oliva.
“Nossa casa ficou só o piso e nós na cama. Uma parede não caiu. Nós ficamos na cama, eu encostadinha na parede e ele do meu lado. Parecia um avião que vinha caindo em cima da gente. Horrível. Não tem nem explicação do barulho que era. De repente começou a cair as janelas, voar tudo e levou o coberto inteiro”, diz.
Nove meses depois do tornado, Dona Nair perdeu o companheiro de uma vida, o senhor Aldomiro dos Santos Daneluz, de 83 anos. Ela conta que, por conta do susto e do sofrimento em decorrência do vendaval, o marido desenvolveu um tumor na região da cabeça, que foi piorando com o passar dos dias.
“Do susto que ele levou, ficou doente. Ele nunca se queixou de dor de cabeça. Ele comia bem, dormia bem. Começou o tratamento, veio para casa e cuidamos o máximo que a gente podia. No fim, ficou 15 dias no hospital e no dia 1° de abril ele faleceu. No dia 7 de abril, faríamos 63 anos de casados, sempre juntos. Perdi tudo, até o marido foi”, conta Dona Nair, emocionada.
Aos poucos, a vida vai voltando ao normal. Vila Oliva é exemplo de superação.
No vídeo, relembre parte da destruição causa pelo vendaval no distrito caxiense.
Matéria: Maicon Rech Gravação: Ricardo Gatelli Edição de vídeo: Ricardo de Souza