Caxias do Sul

"Experimentamos o caos", diz presidente da CIC sobre a greve dos caminhoneiros

 (Foto: Júlio Soares/Objetiva/Arquivo)
(Foto: Júlio Soares/Objetiva/Arquivo)

Os dez dias de greve dos caminhoneiros não serão esquecidos tão facilmente e ainda devem refletir muito na economia de Caxias do Sul. Na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços desta segunda-feira, dia 4, o empresariado caxiense ainda demonstrava preocupação com as consequências da paralisação, que encerrou na última quarta-feira colocando um ponto de interrogação nas perspectivas econômicas para 2018.

O presidente da CIC, Ivanir Gasparin, não poupou adjetivos na hora de falar sobre a paralisação. “A semana que passou foi no mínimo assustadora. Experimentamos o que é o caos. O país se desabasteceu de combustíveis e vários produtos, desde indústrias, até empresas do comércio e de serviços. Sem falar na população, que foi seriamente afetada”, afirmou.

Presidente da CIC, Ivanir Gasparin (Foto: Júlio Soares/Objetiva/Arquivo)

Gasparin revelou que conselheiros da CIC se reuniram por três vezes para discutir o movimento e suas consequências. Em um destes encontros, a diretoria da entidade elaborou uma nota, na qual pedia o fim da paralisação. No entendimento do empresário, a greve deveria ter acabado quando teve boa parte de suas reivindicações atendidas pelo governo federal. “No momento em que se ofereceu uma proposta de solução das principais reivindicações dos caminhoneiros, a paralisação deveria ter sido imediatamente suspensa e a normalidade retomada. A paralisação perdeu sentido no momento em que interesses políticos passaram a bradar por intervenção militar e outras pautas totalmente oportunistas, gerando incerteza, pânico e extremismos emocionais. Uma coisa é certa: mais cedo ou mais tarde, todos nós pagaremos essa conta”, opinou.

O presidente da CIC ainda defendeu que as eleições de outubro são o momento propício para que haja uma discussão mais aprofundada sobre os temas que interessam ao país. Para Gasparin, é preciso que o governo comece a pautar privatizações e reformas, como a da previdência. “Chega de discutir as consequências. Vamos discutir as causas. E será pelo voto que faremos as mudanças necessárias em outubro. O que pedimos, não só aos políticos, é mais responsabilidade e menos demagogia”, finalizou.

CIC se reúne hoje para debater prejuízo

A diretoria da CIC deve se reunir na noite desta segunda-feira para avaliar os prejuízos com a paralisação para Caxias do Sul. Segundo a Federação das Indústrias do RS (Fiergs), a estimativa de perdas para a indústria de todo o estado é de R$ 2,9 bilhões.

Simecs teme fechamento de empresas

O presidente do Simecs, Reomar Slaviero, voltou a demonstrar preocupação com a situação das pequenas e médias empresas. Segundo ele, as grandes empresas devem compensar parte do que foi perdido nos dez dias de paralisação com expedientes mais longos e trabalhos aos finais de semana. Já as pequenas indústrias, como já vinham em um momento difícil antes de 2018, podem sofrer com a falta de crédito e serem obrigadas a fechar as portas. “Principalmente em relação às empresas pequenas, que estavam descapitalizadas, há uma preocupação sim. Acredito que vamos ter muitas perdas e com isso perder postos de trabalho. Esperamos que não, mas infelizmente as duplicatas, as cobranças, não vem de caminhão. Então essas vão chegar”, disse.