Caxias do Sul

Para secretário, reestruturação do Postão só será possível após abertura da UPA

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A crise pela qual passa a saúde em Caxias do Sul se desenha a cada dia mais preocupante. Além da greve dos médicos, que completa 39 dias nesta sexta-feira, dia 26, o município também parece não encontrar uma solução para um antigo problema caxiense: o Pronto Atendimento 24 horas.

Prédio da UPA Zona Norte está pronto desde 2014. (Foto: Gerson Felippi Junior/Grupo RSCOM)

Para o Secretário de Saúde, Fernando Vivian, somente após abertura da Unidade de Pronto Atendimento da Zona Norte é possível pôr em prática qualquer plano de reestruturação do Postão 24h. “Como é que a gente vai fazer a reestruturação do Postão hoje se a gente não tem a UPA? Eu não tenho nenhum plano B. Como é que eu vou fazer uma reforma, uma reorganização? Eu preciso ter um outro lugar. Eu não vou fazer isso de uma forma irresponsável só para responder a uma gritaria”, argumenta Vivian.

A Abertura da UPA Zona Norte foi um dos principais pontos de discussão durante a campanha que elegeu o prefeito Daniel Guerra. À época, ele chegou a afirmar que a abriria a UPA imediatamente após assumir o governo. Depois de conhecer a realidade das finanças do município, o prefeito recuou e agora a previsão é de que a UPA esteja funcionando em setembro por meio de uma gestão compartilhada. O período de inscrições para empresas interessadas em fazer a parceria para a gestão junto com o município encerrou no final do mês de abril. Agora, a prefeitura analisa a documentação apresentada pelas empresas para decidir qual será a vencedora. O prédio onde a UPA será instalada está pronto desde 2014.

Os motivos para a superlotação do Postão

Para o Secretário de Saúde, o atual problema do Postão 24h passa por diversos fatores. Para ele, por ser um local de atendimento basicamente de urgências e emergências, é natural que por vezes haja uma espécie de “crise” no local. Além disso, a crescente demanda pelo serviço e a absorção de atendimentos que não são urgentes contribuem para a superlotação do Pronto Atendimento. “Primeiro, é preciso deixar claro que o Postão, por ser um serviço de urgência, é um lugar de crise. Ele naturalmente é um serviço de porta aberta, que não faz seleção de paciente. A pessoa que chegou lá com o dedo esmagado entrou. A pessoa que chegou lá e passou mal foi atendida, mas as vezes há uma fila de espera de pessoas que estão lá só para trocar uma receita. É certo a pessoa ter que procurar um serviço de urgência para isso?”, lamenta.

Vereadores visitaram o Postão 24h e demonstraram preocupação com a situação. (Foto: Divulgação)

Greve dos médicos

A greve dos médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde completa 39 dias nesta sexta-feira e ainda não tem previsão de um desfecho. Nesse período, mais de 15 mil consultas já deixaram de ser realizadas nas 47 Unidades Básicas de Saúde do Município.

O secretário reconhece que a paralisação dos servidores prejudica o atendimento nas UBSs e no Centro Especializado da Saúde, mas acredita que a greve não é o principal motivador da superlotação do postão porque é suprida em partes pelas próprias equipes das Unidades Básicas de Saúde. “Muita gente achou que o serviço de urgência estava sendo usado para outros fins por causa de paralisações ou por déficit de médicos na rede básica, quando hoje estamos vendo que as próprias unidades estão recriando modelos com assistência, com equipes de enfermagem, com acolhimento, que é o princípio básico do SUS. Eu acho que se a gente tem um momento de crise, a gente precisa enxergar oportunidades. E eu vejo sim a oportunidade para a gente reconsiderar o modelo de assistência que vinha sendo oferecido antes”, finaliza Vivian.