Bento Gonçalves

Queixas, desabafos e relatos de descaso na audiência sobre Saúde Pública

Queixas, desabafos e relatos de descaso na audiência sobre Saúde Pública

Cerca de 70 pessoas – entre elas sete vereadores – e muitas críticas ao atendimento na área da saúde foram vistas e ouvidas na noite de quinta-feira na Câmara Municipal de Vereadores de Bento Gonçalves. O encontro era uma Audiência pública promovida pela Frente Parlamentar em Defesa da Saúde coordenada pelo vereador pedetista Moacir Camerini.

Durante quase três horas moradores de bairros e do interior ocuparam a tribuna para relatar casos de desespero e de certo abandono. Aliás, o alegado abandono foi de certa forma exibido ante a ausência de representantes do Executivo (Secretário de Saúde, Coordenador Médico da Secretaria e o próprio Prefeito foram convidados através de ofício). Também o Conselho Municipal de Saúde, que atravessa uma crise de representação, após o afastamento de sua presidente, não enviou qualquer representante.

Um dos mais importantes prestadores de serviço da saúde no município, o Hospital Tacchini, esteve representado pelo diretor Humbero Tomazi Godóy. Ele esclareceu que todas as responsabilidades advindas da contratualização da saúde estão sendo atendidas, inclusive com os mesmos equipamentos, salas e profissionais oferecidos aos clientes do plano de saúde do hospital, “a única diferença são os quartos para internação oferecidos aos dois tipos de paciente”. Ele ouviu críticas quanto ao atendimento, mas disse ser impossível responder a cada caso individualizado.

Godoy lembrou que a crise financeira e o atraso nos repasse levou o hospital a uma situação que há muitos anos não vivenciava. “Fomos obrigados a buscar empréstimo em banco, no valor de R$ 11 milhões no ano passado”. Esclareceu ainda que, quanto às cirurgias eletivas, o hospital trabalha dentro da disponibilidade de recursos oferecidos que são de R$ 160 mil mais R$ 60 mil para a oftalmologia.

Dois casos emblemáticos foram levados à tribuna pelas esposas de pacientes que sofrem ante o atraso na resolução de seus problemas.  Salete Casanova relatou as dificuldades e o descaso com que seu marido vem sofrendo. Ele tem doença na próstata e precisaria de uma intervenção cirúrgica que não vem. Já Luci Pessalli relata que o marido Moacir sofreu uma fratura e espera há quase um ano por uma cirurgia. “Ele está ficando atrofiado e ninguém nos dá uma esperança”.

O morador do 15 da Graciema Antônio Cassinelli e a moradora do bairro São João, Anaci Possamai, reclamaram de forma veemente quanto ao que consideram descaso com os moradores do interior e dos bairros. “Moramos no Vale dos Esquecidos e a nossa unidade de saúde não é básica, é baixa, temos que trocar o nome”.

Anaci relata que antes da eleição havia uma unidade móvel de saúde uma vez por semana no bairro e a comunidade reivindicava uma Unidade Básica. “Agora não temos uma e outra”.

Frente Parlamentar de Saúde é composta pelos vereadores Agostinho Petroli (PMDB), Elvio de Lima (PMDB), Idasir dos Santos (PMDB), Jocelito Tonietto (PDT), Paulo Roberto Cavalli (PTB), Sidinei da Silva (PPS) e Valdemir Marini (PTB) e Moacir Camerini. Com base em todas as queixas relatadas será produzido um relatório a ser encaminhado à Prefeitura e ao Conselho Municipal de Saúde.