Estado

Leite afirma que prioridade é a reconstrução do RS, mas sem abrir mão de candidatura à presidência

Ao marco de um ano da catástrofe climática que assolou o Rio Grande do Sul, o governador do Estado, Eduardo Leite, concedeu uma entrevista exclusiva ao Grupo RSCOM, na rádio Jovem Pan Porto Alegre 90.7 FM, na manhã desta quarta-feira (30).

Em pauta, as ações desenvolvidas por meio do Plano Rio Grande, iniciativa voltada à reconstrução, as obras de infraestrutura em andamento, inclusive na Serra Gaúcha, os desafios da gestão frente à maior tragédia climática da história recente do estado e os rumos políticos do governador, que cogita protagonizar uma alternativa à polarização nacional.

Sentimento em relação à tragédia

Com 96% das cidades atingidas e a triste marca de 184 mortos, o desastre climático de maio de 2024 deixou cicatrizes profundas na memória dos gaúchos, inclusive para o governador Eduardo Leite.

“Aquelas noites, naqueles primeiros dias, não foram nem dormidas”, relembrou, destacando que o foco total era o resgate de pessoas e o atendimento emergencial às comunidades afetadas. O governador também salientou o impacto emocional coletivo da tragédia, classificada por ele como um momento que jamais será esquecido pelos gaúchos.

Apesar da dor, Leite destacou a força do povo gaúcho e a sua capacidade de superação. Para ele, a solidariedade entre os gaúchos e a capacidade de se reconstruir marcaram o período.

“A ajuda veio e foi importante, mas o gaúcho soube fazer uso dessa ajuda como uma alavanca”, disse.

Reconstrução, investimento e transparência

No âmbito da reconstrução após a calamidade, o governador destacou o Plano Rio Grande, principal diretriz para reestruturar o estado. O plano contempla ações de diagnóstico, prevenção e reconstrução, com foco na resiliência frente a futuros eventos climáticos extremos.

“Estamos semeando, neste momento, as bases das ações que o estado vai tomar nos próximos anos para se tornar forte e resiliente em relação a futuros eventos climáticos”, afirmou.

Com quase R$ 7 bilhões previstos em investimentos, muitos deles já contratados, o plano é apresentado com transparência por meio do site oficial do Plano Rio Grande. De acordo com Leite, a transparência do projeto é um dever, visto que trata-se de um plano de Estado, não de governo. Embora parte das obras ainda esteja em fase inicial, o governador garantiu que os investimentos estão em curso.

“Em maio e junho, nós vamos ver começarem as obras mais robustas nas estradas do estado”, anunciou.

Infraestrutura

A entrevista também tratou da reconstrução de pontes, rodovias e moradias. Leite destacou que muitas obras, embora contratadas, ainda não estão visíveis à população, como é o caso dos desassoreamentos de rios e dragagens. O investimento nesse setor chega a R$ 300 milhões, incluindo maquinário para limpeza de rios e dragagem do Guaíba e da Lagoa dos Patos.

Durante a entrevista, o governador destacou o andamento das obras de infraestrutura na região da Serra, com atenção especial à ponte de Santa Bárbara, que liga os municípios de São Valentim do Sul e Santa Tereza. A estrutura, importante para o deslocamento de moradores e serviços de saúde até Bento Gonçalves, foi destruída pelas enchentes e já está com as obras praticamente concluídas.

“Essa ponte está entre as diversas já contratadas e em execução. Algumas estão na fase de elaboração do projeto executivo, como é o caso dessa”, explicou Leite.

Ele afirmou que o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) analisa as propostas das empresas responsáveis e que a obra está sendo acompanhada de perto.

“Determinei ao vice-governador Gabriel Souza que coordenasse uma comissão para fazer um acompanhamento mais intensivo dessas obras prioritárias”, completou.

Futuro na política

Na parte final da conversa, a equipe citou que 63,5% dos gaúchos aprovam o governo de Eduardo Leite, de acordo com pesquisa divulgada em março. Diante disso, o político é questionado sobre a intenção de ser candidato à presidência, campanha que necessitaria de mais esforços em comparação a uma candidatura ao senado, que demandaria um trabalho menos árduo.

Neste sentido, Leite, que se diz acostumado com a pressão enquanto representante, desde quando estava em Pelotas e se candidatou ao cargo de governador, relata que quando olha para eleições de 2026, não pensa na dificuldade, mas na necessidade de alternativa à polarização que se apresenta.

Segundo ele, a prioridade é a reconstrução do Rio Grande do Sul, o que pode dificultar os movimentos para atingir a meta de um cargo enquanto presidente, mas não impede que seja feito um trabalho alternativo ao que vem sendo proposto pelos possíveis candidatos ao governo federal.

“Quando discuto a política nacional, eu discuto, sim, um caminho alternativo ao que se apresenta até então para todos nós, e torço que o Brasil tenha uma alternativa real a essa que está sendo posta”, completa.

As últimas movimentações do governador destacaram a possibilidade de uma mudança para o PSD, cenário que se apresenta ao mesmo tempo em que o PSDB decide pela fusão com o Podemos. O movimento do atual partido, permite, portanto, um encaminhamento de uma proposta sólida em uma convenção partidária para que os delegados tomem a decisão, mas não deliberada, conforme explica Leite.

“A decisão de fusão com o Podemos, é uma decisão de autorizar o partido a evoluir nessas tratativas para que se possa apresentar um encaminhamento de uma proposta firme mas não deliberada. E as conversas com as lideranças do PSD são positivas e toda possibilidade vem sendo ponderada, sem urgência, já que são 24 anos num mesmo partido e, movimentar-se em grupo não é fácil, já que todas as decisões são coletivas e precisam ser respeitadas para assim cumprir com o proposito político na vida pública” finaliza.

Enquanto o Podemos vem manifestando que a decisão da executiva do PSDB fortalece a busca de uma “alternativa que una forças  comprometidas com o centro democrático, a estabilidade institucional e o desenvolvimento sustentável” do País, Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD e secretário do governo de São Paulo, em declaração durante debate promovido pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), nesta terça-feira (29), afirma que Eduardo Leite será pré-candidato à Presidência da República em 2026 caso migre para a sigla.

No entanto, Kassab também mencionou como pré-candidato à Presidência pelo partido o governador do Paraná, Ratinho Junior, o que não dá garantias ao candidato gaúcho e justifica, entre outros fatores, uma avaliação minuciosa para troca de partido.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

Marina Tusset

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