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A noite cai, o silêncio se espalha pela mata, mas um personagem típico da fauna brasileira começa sua rotina: o gambá. Discreto, de olhos atentos e andar cauteloso, esse marsupial é mais ativo do que se imagina depois que o sol se despede. Se durante o dia ele mal é visto, durante a noite ele percorre longas distâncias, sobe em árvores, vasculha restos de comida e evita conflitos com predadores maiores. Conhecer os hábitos noturnos do gambá brasileiro é como assistir a um documentário da vida selvagem, só que em ritmo lento, sob a luz da lua.
O gambá (Didelphis spp.), também conhecido como saruê, não é exatamente um animal que conquista simpatia imediata. Muitos o associam a lixeiras reviradas ou o confundem com ratos grandes. Mas a verdade é que esse marsupial é uma peça importante no equilíbrio ambiental e possui comportamentos noturnos fascinantes. Sua rotina é marcada por discrição, estratégia e uma impressionante resistência urbana.
Enquanto boa parte dos animais repousa, o gambá inicia seu turno com passos lentos, porém determinados. Seu olfato aguçado o guia por quintais, matas e até ruas pouco movimentadas. Ele percorre grandes áreas em busca de alimento e abrigo — e pode caminhar mais de 1 km numa única noite.
Essa movimentação não é aleatória. O gambá tem um mapeamento claro dos territórios por onde passa, conhecendo as rotas seguras e os locais onde há maior chance de encontrar restos de frutas, ovos, insetos ou até carniça. Ele também se aproveita de oportunidades urbanas: restos de comida humana, lixo orgânico e frutas caídas nos quintais são banquetas noturnas irresistíveis.
Mas apesar da fama de “intrometido”, o gambá não invade por instinto destrutivo. Ele apenas aproveita as oportunidades que o ambiente oferece — e muitas vezes, ainda colabora com a limpeza, ao devorar restos que poderiam atrair pragas maiores.
Quem vê o gambá andando devagar no chão mal imagina que, durante a noite, ele também sobe em árvores com facilidade surpreendente. Sua cauda longa e preênsil funciona como um quinto membro, dando equilíbrio em galhos altos, especialmente durante a busca por ninhos de aves, frutas e abrigos seguros para dormir ao amanhecer.
Essas acrobacias noturnas são possíveis graças a um par de patas traseiras com polegares opositores, que funcionam como verdadeiras “mãos” de apoio para se firmar em superfícies irregulares. Isso faz dele um escalador nato, apesar de seu corpo robusto e aparência desajeitada.
Além disso, seu pelo denso ajuda a protegê-lo de pequenos espinhos, galhos ou quedas leves. Mesmo assim, ele evita riscos desnecessários: o gambá prefere rotas conhecidas e raramente se aventura em locais perigosos sem uma boa razão.
A noite é o reino dos predadores. Corujas, cães, jaguatiricas e até humanos podem representar uma ameaça ao gambá. E é nesse momento que um de seus comportamentos mais curiosos entra em cena: a tanatose, ou o famoso “fingir-se de morto”.
Quando se sente acuado e percebe que fugir é impossível, o gambá entra em um estado reflexo que imita a morte. Ele cai de lado, boca aberta, língua de fora e até libera um odor forte, como se fosse um animal em decomposição. Esse mecanismo confunde predadores, que perdem o interesse por uma presa aparentemente morta — e possivelmente doente.
Esse comportamento é involuntário e pode durar de alguns minutos a mais de meia hora. Quando o perigo passa, o gambá “ressuscita” e segue seu caminho como se nada tivesse acontecido. Uma estratégia engenhosa, especialmente no escuro da noite, onde cheiros e movimentos sutis fazem toda a diferença para a sobrevivência.
Apesar de mal compreendido, o gambá é inofensivo. Ele não ataca, não transmite raiva e evita conflitos a todo custo. Na verdade, é um aliado natural no controle de insetos, caramujos e até escorpiões. Também atua como dispersor de sementes e reciclador noturno da natureza urbana e silvestre.
Conhecer seus hábitos noturnos é uma forma de repensar o modo como olhamos para a fauna que divide espaço conosco. Às vezes, o herói da noite não tem capa nem garras — mas uma cauda ágil, um nariz curioso e um instinto de sobrevivência admirável.
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