ISTs

Bento Gonçalves registra 877 casos de HIV e AIDS desde o início da epidemia

Dados apontam aumento de infecções em todas as idades. Porém, não há transmissão vertical (da mãe para o bebê) desde 2005

Dados apontam aumento de casos em todas as idades
No sábado (7), UBSs ofereceram testagem rápida de HIV, Sífilis e Hepatites B e C. | Foto: Rodrigo De Marco/Divulgação

A Vigilância Epidemiológica de Bento Gonçalves, vinculada à Secretaria Municipal da Saúde, divulgou os números mais recentes sobre casos de HIV e AIDS no município. Desde o início da epidemia de AIDS, na década de 1980, 877 pacientes foram diagnosticados, sendo 595 com AIDS e 282 com infecção pelo HIV.

Dados epidemiológicos

A maior concentração de casos está entre pessoas de 20 a 39 anos, mas o aumento das infecções abrange todas as faixas etárias, incluindo idosos com 60 anos ou mais. Quanto ao gênero, 60% dos casos registrados são de homens e 40% de mulheres. Em relação à orientação sexual, 78% dos pacientes identificados são heterossexuais.

Os dados também revelam um crescimento expressivo no número de diagnósticos tardios (AIDS) ao longo das décadas: foram 19 casos na década de 1990, 242 casos entre 2000 e 2009, e 275 entre 2010 e 2019. Já entre 2020 e 2024, houve uma redução na incidência, caindo para 9 casos por 100 mil habitantes, o equivalente a 62,9% a menos em relação ao período anterior.

Em relação ao diagnóstico precoce (HIV), sem complicações ou doenças oportunistas, foram registrados 146 casos entre 2010 e 2019. Nos últimos cinco anos, de 2020 a 2024, o município contabilizou 136 novos casos.

Combate à transmissão vertical

Desde 2005, Bento Gonçalves não registra casos de transmissão vertical do HIV, graças ao tratamento adequado durante a gestação, no parto e à substituição da amamentação por fórmulas infantis. Essa conquista resultou na certificação internacional da eliminação da transmissão vertical, concedida em 2023 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

Prevenção e testagem

A estratégia de prevenção combinada, adotada pelo município, inclui distribuição de preservativos, testes rápidos, tratamento de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e intervenções biomédicas, como a profilaxia pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP). A PrEP é um tratamento contínuo que exige acompanhamento médico, enquanto a PEP deve ser iniciada até 72 horas após a exposição ao vírus e tem duração de 28 dias.

No último sábado (7), ações alusivas ao Dia Mundial de Luta contra a AIDS, celebrado em 1º de dezembro, ofereceram testagem rápida de HIV, Sífilis e Hepatites B e C nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Ao todo, 57 pessoas foram testadas.

A coordenadora do Serviço de Atendimento Especializado e Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE/CTA), Adriana Cirolini, ressaltou a importância da iniciativa.

“As nossas equipes realizaram uma ação que, sem dúvidas, foi importante. Além disso, as unidades de saúde estão sempre realizando atendimentos voltados a essa finalidade, dando todo o suporte necessário aos pacientes ou quem deseja tirar dúvidas”, afirmou.

A secretária de Saúde, Daiane Piuco, destacou o preparo dos profissionais.

“Os profissionais de saúde são capacitados para orientação e interpretação dos resultados a fim de proporcionar diagnóstico preciso e confiável, adiantando o processo de tratamento em relação aos testes com resultados positivos. Bento tem um trabalho exemplar neste sentido”, declarou.

A Vigilância Epidemiológica reforça que o combate ao HIV e à AIDS exige a continuidade de esforços conjuntos entre governo, profissionais de saúde e a comunidade.