Prefeito de Bento Gonçalves defende aumento para médicos e critica assistencialismo: “a melhor assistência social é o trabalho”

Em entrevista concedida ao programa Bom Dia Trabalhador, da Rádio Viva FM 94.5, na manhã desta quarta-feira (23), o prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira, abordou temas ligados à gestão municipal, com ênfase na valorização dos profissionais da saúde e críticas ao que considera excesso de assistencialismo no país.

Ao comentar o reajuste salarial para clínicos gerais da rede pública, Siqueira afirmou que a medida busca atrair mais profissionais para o município diante do aumento na demanda por atendimento:

“A população está tendo uma qualidade de vida melhor, envelhecendo mais, com mais tecnologia para tratar as doenças. Isso exige mais mão de obra especializada. […] Cada vez mais pessoas estão saindo do particular, estão saindo do convênio e caindo no SUS. Quem é que paga essa conta? São as prefeituras.”

Segundo ele, ampliar a oferta de profissionais exige estímulos, e uma alternativa seria estabelecer contrapartidas obrigatórias para formandos de universidades públicas:

“Foi a população quem pagou aquilo ali. […] Acho que deveria ser obrigatório algum curso, algum estágio posterior à graduação. A gente precisa começar a falar mais de deveres, e parar um pouco de falar só de direitos, porque essa conta não fecha.”

O prefeito também sugeriu que formandos com benefícios públicos devolvam esse investimento com trabalho ao SUS, por um período determinado.

Críticas ao Bolsa Família

O tom crítico se intensificou ao tratar dos programas assistenciais, em especial o Bolsa Família. Para Siqueira, o modelo atual incentiva a inatividade e sobrecarrega os cofres públicos:

“É o início da decadência do país. […] É cada vez mais dado, e para ganhar esses benefícios basta estar no CadÚnico. Vai ser cada vez mais fácil ficar em casa sem fazer nada.”

Ele afirma que o município tem atuado para cortar benefícios de quem, segundo a prefeitura, tem condições de trabalhar, e detalhou o processo:

“A nossa equipe vai até a casa da pessoa, oferece trabalho perto de casa, ajuda a fazer o currículo, leva para o exame admissional e acompanha no primeiro dia. Só falta dar um abraço quentinho. […] A melhor assistência social é o trabalho.”

Siqueira relatou que tem enfrentado críticas por essas ações, mas sustenta que a estratégia visa reduzir a dependência de benefícios e incentivar a autonomia:

“Eu levo xingão dessas pessoas, de conselhos, de partidos que querem ampliar o assistencialismo. Mas se não tomarmos uma atitude, quem trabalha vai continuar bancando quem pode e não quer trabalhar.”

Segundo ele, Bento Gonçalves foi pioneira na abordagem proativa de revisar cadastros do Bolsa Família e encaminhar beneficiários ao mercado de trabalho. Ele lamenta que outras cidades não tenham seguido o mesmo caminho:

“Não tinha uma cidade, entre cinco mil municípios, que estivesse fazendo isso. […] Se não começarmos a mudar essa realidade, vamos entrar numa crise profunda.”

Para o prefeito, programas sociais devem ter critérios rigorosos e estar focados em quem realmente precisa. Ele comparou a situação ao ato de dar dinheiro a um morador de rua em situação de dependência química, sem oferecer caminhos de reabilitação:

“Não é ajudar dar vinte reais pra ele se entupir mais ainda. Ajudar é tirar ele das ruas, dar emprego, colocar numa casa de passagem. É difícil, é chato, mas é o que precisa ser feito.”

Os discursos de Siqueira têm gerado reações diversas nas redes sociais, dividindo opiniões entre os que apoiam a política de incentivo ao trabalho e os que apontam insensibilidade com as camadas mais vulneráveis da população.