Opinião

Os epitáfios de 2024

Alguns dias pra terminar o ano, e vem aquelas retrospectivas. O que bombou, quem se foi, as tragédias e a revolta com tudo que poderia ter sido ou o que foi.

Eu não faço retrospectivas, mas eu tenho uma lista de acontecimentos-desafeto, que eu quero enterrar quando as 12 badaladas do dia 31 de dezembro soarem e os malditos sons de fogos de artifício enlouquecerem os mais sensíveis e os animais.

E nada melhor que uma lápide pra enterrar de vez alguns acontecimentos, então sem mais, segue a lista dos meus desfetos do ano e o que gostaria de escrever nos respectivos túmulos.

  • Aquecimento Global

Partiu sem deixar pedra sobre pedra, enquanto tapavam o sol com uma peneira.

  • Coachs

As aparências enganam, pergunte-me como. #fazopix

  • Desigual Social

Se Deus existisse, escreveria certo e não haveriam linhas tortas.

  • Enchentes

Legislação mole em cabeça dura, tanto bate até que inunda.

  • Extremistas

Diz-me com quem conspiras e eu te direi quem és.

  • Fake News

De tanto mentir, quando disse que estava doente ninguém acreditou.

  • Feminicídio

Não me mande flores, apenas me respeite.

  • Festas de Final de Ano

Quem pode, pode. Quem não pode, se endivida.

  • Guerras e Invasões

Aqueles que odiamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.

  • Influencers

Viveu para que a sua presença fosse notada, e escondeu sua inutilidade para que a sua falta fosse sentida.

  • Inteligência Artificial

Sua preguiça foi o meu sucesso.

  • Jogos Online

Nunca foi sorte, sempre foi golpe.

  • Mudanças Climáticas

Botou a mão no fogo e morreu queimada.

  • Pensionistas de Militares

É não casando que se recebe.

  • Pedofilia

Caiu no conto do vigário e ajoelhou pra não ter que rezar.

  • Pseudociências

De médico a louco, todo mundo mente um pouco.

  • Tentativa de Golpe de Estado

Quem semeia golpe colhe tornozeleira eletrônica.

  • Treta do Assento do Avião

Pimenta no assento dos outros é refresco.

  • Violência Policial

Os covardes morrem várias vezes. O homem pobre experimenta a morte violenta apenas uma vez.

Infelizmente, tudo aqui é obra de ficção, mas que sirva pra gente não perder a vontade de rir da nossa própria desgraça e canibalismo social.

Anna Tscherdantzew

Vive entre Florianópolis, Califórnia e Caxias do Sul. Designer, publicitária, gestora e redatora de conteúdo web, produtora e viajante profissional. Escreve de tudo um pouco pra se divertir e economizar na terapia. Também faz o melhor pudim de leite das Américas. Espaço cedido à opinião da autora.

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