Opinião

IBGE e seu recado para os agentes políticos do Brasil

O censo denotou uma realidade já percebida há muito tempo pelos economistas: o Brasil fez um péssimo trabalho como nação, afinal estamos envelhecendo, perdendo chances sucessivas de aproveitar a pirâmide etária, o tal do bônus demográfico (centro da pirâmide, pessoas com idade produtiva). Mas afinal, quais foram os erros? Abaixo, alguns pontos:

  • O Brasil sempre apostou em um modelo de desenvolvimento heterodoxo, onde o Estado é o provedor do crescimento via crédito público, protegendo empresas nacionais via fechamento comercial ou incentivos fiscais.

Proteger nossa economia é acobertar a ineficiente operacional de muitos setores, impactando em mão de obra mal alocada e pouco produtiva. Alguns dados comparativos mostram que no Brasil, empresas entre as 10% mais eficientes são duas vezes melhores do que aquelas entre os 10% menos produtivas. Já na Índia e na China essa diferença é de 5 vezes. Parte relevante do atraso dos países menos desenvolvidos decorre do efeito da proteção de empresas e setores ineficientes.

  • A educação básica no Brasil sempre foi preterida ao ensino superior, mesmo aumentando os investimentos em relação ao PIB, tivemos queda nos indicadores de desempenho, famoso PISA, principalmente em ciências exatas.

A educação básica e técnica possibilitariam uma maior produtividade, pelo fato de o método ser mais efetivo. Isso se provou com a Coreia do Sul, que priorizou essa educação, possibilitando o atingimento de índices de produtividade enormes. Fato que se comprova, em parte, pelos dados de produtividade em relação aos americanos: em 1987, Brasil e Coreia do Sul tinham a mesma produtividade, 30% em relação aos Estados Unidos; no final de 2015, os coreanos já tinham a produtividade de 60% de um americano, enquanto o Brasil caiu para 25%.

  • Investimento pouco efetivo em P&D e inovação, apesar de termos orçamentos robustos em muitas áreas, nosso problema é a qualidade do gasto. Temos excelentes exemplos como a Embrapa, a qual transformou o agro brasileiro, mas ainda é muito pouco.

O cenário é polarizado, tudo é politizado, mas nenhum país se desenvolve sem pesquisa em áreas “core”, como tecnologia e engenharias. Temos um vasto orçamento que é mal executado, cheio de privilégios e favorecimentos, sobrando muito pouco para políticas que, muito embora sejam impopulares, gerariam resultados preponderantes para subirmos de nível.

Júnior Calza

Bacharel em Economia e empreendedor do ramo vinícola. É pesquisador na área econômica e um dos pioneiros do pensamento liberal no Rio Grande do Sul. (espaço de coluna cedido à opinião do autor)

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