Opinião

Estados Unidos: todos caminhos levam a Roma

O Império Romano moldou nossa civilização. Muitos processos políticos e jurídicos foram criados durante os séculos que o poderoso império reinou sobre boa parte do planeta. Por sua imensidão, uma enorme gama de estradas para ligar os países e as cidades foram construídas e através dessas rotas passavam mantimentos, pessoas e, principalmente, o tão temido exército romano. A partir da robustez das vias cunhou-se uma expressão bastante conhecida: todos caminhos levam a Roma.

É esta frase que ecoa na minha cabeça quando vejo alguns dados que vem da economia dos Estados Unidos: todos caminhos (dados) levam à crise. As taxas hipotecárias de 30 anos, por exemplo, atingiram 7,88% ao ano, o maior nível desde setembro de 2000. O nível de pedidos de novas hipotecas, por consequência, está baixíssimo. A inadimplência de hipotecas relacionadas a salas comerciais disparou, saiu de pouco mais de 1,5% no início do ano, para quase 6%.

Além disso, as perdas não realizadas dos bancos têm aumentado desde meados de 2022 e concretizaram-se em um processo mais criterioso por parte das instituições financeiras para dar crédito, segundo dados do Federal Reserve. O nível de aperto está acima de 40%, nível que coincide com outras crises: covid, subprime, bolha das empresas .com e black monday.

Apesar da força do mercado de trabalho, um dado que chama a atenção é a queda de 692 mil empregos em período integral, possivelmente substituídos por empregos de meio período. Seguindo o círculo vicioso, segundo dados da VantageScore, americanos com baixo score no cartão de crédito aumentaram a inadimplência para 8.9% em julho deste ano de 7,49% um ano antes.

Eu poderia trazer outros dados. Mas estes aqui apresentados são especialmente ligados ao mundo real. O mundo ao qual a classe trabalhadora americana está inserida, porque é ela quem consumo, compra e movimenta boa parte da maior economia do mundo.

Pois bem, por mais abrupta que esteja sendo a alta de juros realizada pelo Federal Reserve para controlar a inflação, os efeitos nocivos na economia ainda não apareceram. Embora o mercado tenha enfrentado certa volatilidade principalmente no mercado de títulos americanos, o pouso suave, “soft landing”, é uma crença que se consolida a cada dia no mercado e dentro do próprio Fed. Todavia, muitos indicadores apontam para um momento difícil que ainda não chegou – e que pode não chegar – e são eles que mantém o alerta ligado. Esperamos que passemos pelo ciclo de aperto monetário sem grandes turbulências na economia mundial.

Leonardo B. Piveta

Mestre em Economia, Engenheiro Mecânico e Assessor de Investimentos da X10 Investimentos. Contato: leobpiveta@gmail.com - @leobpiveta - (espaço de coluna cedido à opinião do autor)

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