Opinião

Esse desgoverno é inaceitável

Ando meio desanimada, meio blasé.

E, com a decisão de anteontem na Câmara de Deputados, que não deveria ser surpresa para ninguém, confesso que meu humor piorou.

A cada golpe perpretado contra nossa população por esse governo infame e vil, a nossa sensação de impotência de todo dia aumenta mais.

As noticias são tão flagrantemente ruins que é impossível não ficar com aquele gosto amargo de fel na boca. É impossível, também, achar alguma coisa para comentar que não seja tragédia pessoal ou coletiva.

Semana passada, ouvi no rádio a seguinte manchete: após 10 anos, a campanha Natal sem Fome foi reeditada no Rio de Janeiro .

Durante 10 anos não foi preciso nenhuma edição do Natal sem Fome, por que nossas pessoas tinham o que comer, não apenas nas festas natalinas, mas todos os dias do ano. Desde 2007, foi possível se orgulhar que nosso povo tinha trabalho, o mínimo de renda e ações pontuais como essa não foram necessárias.

Conseguimos sair da vergonha de, em pleno século XX, termos cerca de 20 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, ou seja, na miséria absoluta. Só esse fato, por si só, me enchia de orgulho. Conseguimos durante quase uma década não ser mais o país da fome, zerar a mortalidade infantil, permitir que as pessoas comessem melhor.

Contudo, de acordo com reportagens de várias mídias brasileiras, nosso Brasil está prestes a retornar ao Mapa da Fome da ONU. O que, convenhamos, é inaceitável, esdrúxulo, inominável.

O desmonte das políticas públicas brasileiras atingem diretamente o poder de compra do brasileiro e, por consequência, seu poder de sobrevivência. Não demorará muito para vermos novamente reportagens como essa (link) sobre a fome no Brasil em 2001, onde se vê de forma crua como vivem essas pessoas que não tem o que comer e veem seus filhos morrerem a mingua. Retornamos celeremente ao cenário da foto que abre essa coluna, de 1996, portanto ainda muito próxima. Olhem para essa criança e pensem sobre o que o coração de vocês sente vendo essa situação. Digam para vocês mesmos que essa foto diz respeito apenas a quem é “comunista” ou “petista”.

Por isso, para mim é tão difícil suportar as infâmias e o desprezo desses golpistas com o povo brasileiro. Por isso, sinto cada vez mais um misto de nojo, vergonha e raiva. Por isso, me repugna ver um deputado como Carlos Marun do PMDB/PR rebolar ao final da votação de quarta, comemorando uma vitória que está apenas na cabeça deles, encarando disputas como essas apenas como um jogo de futebol, daqueles bem varzeanos (link).

O mais triste de tudo é que não existe perspectiva de vitória para os mais pobres. Para eles, não há direitos, não há educação, não há lei, não há comida, não há trabalho, não há dignidade. Um cenário dolorido e triste para todos aqueles que, como eu, nasceram numa família de classe média, que pôde propiciar tudo isso para seus filhos.

Semana que vem, falarei sobre a questão dos efeitos da reforma trabalhista. Outra tragédia real do cotidiano. Enquanto isso, vamos lutando para sobreviver a cada dia.

Memória LEOUVE

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