Ela estava chegando em casa depois de um dia exaustivo de trabalho. Só queria um banho, uma comida requentada quentinha e cair na cama com um livro nas mãos pra pegar no sono pacificamente, já que os filhos estavam na casa dos avós.
O marido e outros vizinhos estavam parados na rua, gesticulando numa conversa tão animada que mais parecia uma briga. Ou seria uma briga?
Desceu do carro e se juntou ao grupo pra saber o que tinha acontecido.
Todos falavam ao mesmo tempo e as frases não faziam sentido.
Eu tinha passado o dia trancada na minha sala, sem contato com o mundo exterior, editando um manual de sobrevivência para tempos de desastres naturais, e achei por um momento que eu estava delirando, de tanto ler e organizar o que fazer nos momentos pré, durante e pós apocalípticos.
Ninguém me ouviu, e as frases surreais continuavam, mas as palavras ficaram girando na minha cabeça: anexar o bairro, deportar os gaúchos, tarifa extra nos produtos de outros estados, nada fazia sentido.
Resolvi deixar eles ali pois só podia ser uma brincadeira, afinal, quem faria coisas tão estúpidas assim?
Entrei em casa em dúvida se estava num episódio do Black Mirror ou outra coisa qualquer de ficção. Naaaa, é só cansaço, logo tudo se explica, pensei ingenuamente como toda vítima no início de um filme de terror.
Liguei a TV enquanto esquentava a comida, relaxadamente, no microondas.
Lá estava ele em todos os canais, o rei eleito do condado repetindo tudo o que tinha ouvido na rua.
Mas não é possível, eu tô sonhando e vou acordar, espero. Talvez eu tenha morrido ou estou vivendo numa realidade paralela??
Com os olhos vidrados na TV, viu ao redor do rei uma multidão de gafanhotos, todos de terno e gravata. Ela conhecia todas aquelas pragas ali: gafanhotos donos de construtoras que desrespeitavam as leis ambientais, gafanhotos empresários sonegadores de impostos, gafanhotos políticos corruptos e gafanhotos das manipuladoras big techs. Eles foram se multiplicando na visão embaçada dela, e finalmente invadiram o outro lado da tela da TV, se espalhando pela casa, numa velocidade que quase não deixou que ela saísse correndo sem ser alcançada.
Quando chegou na calçada, as pragas já tinham tomado conta da rua, e todos os vizinhos tinham desaparecido, tanto os que simpatizavam quanto os que odiavam os gafanhotos.
Ela correu para o carro e conseguiu chegar a sua minúscula sala de trabalho, onde pegou todos os manuscritos do manual de sobrevivência e levou consigo. Saiu dirigindo por cima dos gafanhotos, rumo a casa dos pais para encontrar os filhos e começar tudo de novo, do zero, em algum lugar sem reis, nem pragas.
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