Escrito por Juliano Fontanive Dupont
Ir e vir da escola deveria ser uma atividade fácil e segura. Não tem sido assim no Brasil. Toda semana adolescentes são violentados perto dos colégios.
Em Bento Gonçalves, cinco adolescentes esfaquearam um aluno do ensino médio para roubar um celular. Não é a necessidade de subsistência que leva os rapazes a assaltar e matar. A cidade tem emprego aos montes, basta ler as listas de ofertas de trabalho no Sine ou nos jornais. Todos os cinco deveriam ter seus próprios celulares e comida na mesa de casa. Drogas? Talvez. Mas é bom tomar cuidado, as drogas são sempre a resposta mais fácil, o bode expiatório preferido.
Por quê, então? Se a pobreza não é a origem da violência, por quê matar um jovem de 17 anos pelo motivo fútil de roubar um celular?
O desejo sem limites é um monstro faminto. A sociedade instiga e seduz por todos os meios o consumo de bobagens. A ideologia do marketing é a ética do nosso tempo: é preciso ter o modelo mais novo (de qualquer coisa), é preciso estar atualizado, cultivar a própria imagem, ter um smartphone que faz coisas que o anterior não podia, estar em dia com a tecnologia, comprar novas roupas. É uma forma sutil de autoritarismo que usa do prazer e da vaidade, em vez da força, para exercer poder. Que vendedores e marqueteiros propagandeiem as novidades, coompreende-se. O capitalismo não pararia em pé sem o consumo de bugigangas e a exploração de necessidades falsas. É um grave problema, no entanto, quando essa ideologia de negócios passa a imiscuir-se em todas as instâncias da vida social.
No caso dos adolescentes, o reconhecimento social de grupo demanda um tipo de consumo tribalista. Roubas e objetos são símbolos grupais. Os grupos de jovens possuem um ritual estruturado através de marcas e adereços. Para adquirir estes objetos, é preciso comprar. Quem não compra, não existe.
Juventude transviada? Rebeldia juvenil? Nada disso. Nada é mais careta e conservador do que a juventude. A juventude violenta que está aí não quer destruir a ordem estabelecida. Ela defende todos os valores que lhe incutem: é consumista, narcisista e profundamente materialista.
O consumismo, apenas, não esclarece o problema. Existe um elemento muito mais perturbador. As estatísticas mostram que os agentes e as vítimas da violência são majoritariamente jovens do sexo masculino. Homens mais velhos cometem menos violência. O que esses jovens tem que os mais velhos não tem? Testosterona, muita testosterona. É o ingrediente que completa a fórmula de um coquetel mortal. Testosterona mais adrenalina, nenhum freio moral, zero disciplina, e obtemos, como resultado do teorema, a explosão da deliquência. As emoções individuais, se não forem controladas e contidas pela cultura, são o maior inimigo do coletivo.
Existe um prazer na violência, um gozo na agressividade. O consumismo cínico, egoísta, acha que toda disciplina é autoritária. Afrouxamos tanto as restrições morais que criamos uma besta incontrolável. A criança mimada, que não sofre nenhuma restrição, só reconhece a própria vontade. Se não consegue o que quer, Narciso esperneia, violenta, enlouquece. O desejo de outrem? O direito dos outros? Nada importa à ditadura do eu. Nem a vida dos outros.
O falência da autoridade em nossa sociedade deixa as pessoas sem esteio moral. Na família, na escola, no Estado, encontramos figuras de autoridade fracas e desacreditadas. Não querem ser confundidos com as figuras autoritárias do passado e deixam de exercer a autoridade legítima. Para que todos usufruam de seus direitos é necessário cumprir alguns deveres. As instituições devem instruir e exigir o cumprimento de certas normas e regras de convivência que garantem a igualdade e o respeito entre os cidadãos. Civilização é reconhecer e respeitar o direito dos outros, não do eu.
Juliano Dupont
Contato: julianodupont@hotmail.com
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