MOBILIZAÇÃO

Comerciários de Caxias do Sul cobram piso de R$ 2,3 mil e licença-maternidade de 180 dias

Além disso, campanha do Sindicomerciários de Caxias busca o fim da escala 6x1

(Foto: Sindicomerciários/Divulgação)
(Foto: Sindicomerciários/Divulgação)

Mesmo com a chuva da manhã da sexta-feira (18), comerciários e comerciárias de diversas cidades do Rio Grande do Sul se reuniram para o lançamento oficial da Campanha Salarial 2025. A caminhada, que começou com concentração no auditório da sede do Sindicomerciários Caxias, no centro de Caxias do Sul, mobilizou a categoria em defesa de melhores salários e condições de trabalho. O evento contou com o apoio do Sindicomerciários Caxias e da Federação dos Empregados no Comércio do Rio Grande do Sul (Fecosul) e teve como principal lema: “MERECEMOS + TEMPO PARA VIVER, SALÁRIO E DIREITOS”.

A campanha busca reforçar a luta dos trabalhadores do comércio, setor que, em 2024, registrou um crescimento de 11,9% no varejo, superando a média nacional. Para os organizadores, esse avanço deve ser refletido em melhores condições para os trabalhadores que são a base do setor.

Reivindicações Centrais da Campanha

Durante o lançamento, lideranças sindicais e trabalhadores discutiram as principais pautas da campanha, com foco em melhorias salariais e benefícios. Entre as principais reivindicações estão:

  • Reajuste salarial acima da inflação
  • Piso salarial de R$ 2.300
  • Vale-refeição e auxílio-estudante
  • Transporte gratuito
  • Licença-maternidade de 180 dias e licença-paternidade de 20 dias
  • Fim da escala 6×1 e adoção da jornada 5×2

A mobilização também sublinha a importância de garantir direitos que muitas vezes não são cobertos pelas legislações trabalhistas, como triênio, quinquênio, auxílio-creche e premiação por trabalho em domingos e feriados, todos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que será renovada durante a negociação.

Cenário e Perspectivas do Comércio

O presidente da Fecosul, Guiomar Vidor, destacou o crescimento do comércio, que superou a inflação no ano passado, como um reflexo da dedicação dos trabalhadores, e enfatizou que chegou o momento de valorizá-los: “O comércio cresceu acima da inflação, e esse crescimento só foi possível graças à dedicação dos trabalhadores. Agora, chegou a hora de valorizá-los. Nossa luta é por direitos e dignidade”, afirmou.

Nilvo Riboldi Filho, presidente do Sindicomerciários Caxias, complementou que o setor de comércio gaúcho se saiu ainda melhor que o nacional, com um crescimento de 8,4% nas vendas, quase o dobro da média brasileira (4,7%). Ele também mencionou o contexto econômico nacional favorável, com o Brasil registrando um PIB de 3,5% e a menor taxa de desemprego da história, de 6,6%. Esse cenário, embora positivo, trouxe à tona outro problema: a elevada rotatividade no setor. Em 2024, a taxa de rotatividade dos trabalhadores no comércio gaúcho foi de 58,9%, e as empresas enfrentam dificuldades para preencher as vagas abertas.

Negociações e Mobilização

A categoria comerciária aprovou, por unanimidade, a luta pela reposição das perdas inflacionárias com aumento real de 3% acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o que reflete um desejo de não apenas recuperar o poder de compra, mas também garantir uma melhoria no padrão de vida dos trabalhadores. O objetivo é garantir que as negociações resultem em avanços para a categoria, tanto em termos financeiros quanto em benefícios.

As primeiras rodadas de negociações entre representantes dos patrões e do sindicato começaram em julho, e devem continuar nas próximas semanas. O Sindicomerciários Caxias representa cerca de 25 mil trabalhadores em Caxias do Sul, Flores da Cunha, São Marcos e Nova Pádua, e negocia dez Convenções Coletivas de Trabalho para diferentes segmentos do comércio, incluindo mercados, farmácias, atacados, siderúrgicas e concessionárias.

A expectativa agora é que as reuniões com os patrões avancem para um acordo que atenda às reivindicações dos trabalhadores, enquanto a mobilização por mais direitos e melhores condições de trabalho segue forte em todo o Estado.