O clima de incertezas que cicatriza a Fenavinho desde 2011, quando a derradeira edição foi realizada, torna melancólico o 25 de fevereiro deste 2017, quando a festa deveria ganhar uma edição histórica para comemorar o cinquentenário daquela ousadia iniciada por abnegados visionários no distante ano de 1967, mas herdou apenas o descaso e o ostracismo.
A necessidade de um debate aprofundado sobre os rumos do evento que se confunde com a imagem de Bento Gonçalves e que agora jaz, adormecido em dívidas e dúvidas que não parecem próximas do fim é conhecida de todos. Mas as bravatas e promessas vazias de realidade mas repletas de interesses políticos – a mais nova projeta a próxima edição para 2019 – e a ausência de um entendimento sobre os rumos da festa agravam a situação e não permitem que se aposta em seu renascimento.
A falta de transparência e os interesses nem sempre revelados mantém a Fenavinho como uma verdadeira caixa preta repleta de segredos que, ao que parece, alguns não querem ver à luz. É certo que a Fenavinho é uma empresa privada, mas a festa povoa o imaginário dos bento-gonçalvenses e se confunde com a própria cidade, não à toa chamada de capital do vinho. Por isso, mesmo que balanços e contas tenham sido aprovados e os palanques políticos se encham de discursos, é preciso ampliar essa transparência para toda a sociedade.
O fato é que seu quase total esquecimento neste melancólico cinquentenário pinta um triste cenário para um verdadeiro patrimônio imaterial da sociedade, mas precisa acordar o que está velado e refundar a festa que, afinal, não pode morrer. Além das dificuldades da festa em quitar débitos, há mais coisas entre a água e o vinho do que pode sonhar o piccolo amor mio. E elas precisam ser reveladas, a pretexto de estancar o descrédito que ameaça roer definitivamente a teia que há 50 anos fez nascer o maior evento do mundo do vinho na Serra Gaúcha.
Não custa lembrar que a Fenavinho esteve ameaçada de sumir do calendário da Serra em outras oportunidades, e chegou a ficar uma década sem ser realizada, em decorrência de interesses colocados acima do objetivo turístico e cultural da festa, a celebração da vindima. É inegável que seu resgate teve méritos e o esforço e a dedicação dos que apostaram no ressurgimento da festa, mesmo com um viés mercadológico mais acentuado que o apelo popular, precisa ser reconhecido, mas também questionado.
Por conta disso, a festa deixou de ser realizada na vindima para tentar atrair uma mais intensa participação do setor vitivinícola e se tornar um grande centro de comercialização de vinhos da América Latina. Nem um, nem outro objetivo foi alcançado. Talvez porque o cenário aponte para uma apropriação da festa pela sociedade, talvez porque o coração do mercado do vinho não esteja aqui.
O certo é que será preciso limpar as feridas para garantir a cicatrização. Em 1967, um dos motivos para a criação da Fenavinho estava na disparidade entre a grande produção e a pouca demanda, o que fazia com que as cantinas estivessem com sua capacidade de estoque esgotada e ameaçadas de não comprar as próximas safras. O momento é outro, e o vinho serrano ganhou reconhecimento e rompeu fronteiras.
Mas é preciso resgatar o sucesso daquela aventura a partir de um fator que agora parece distante: o envolvimento real da comunidade. É preciso reinventar a Fenavinho. E você? Lembrou da Fenavinho hoje?
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