Onde mora o perigo

A Lava-jato já derrubou Dilma, pode impedir Lula de disputar as eleições daqui a dois anos, já manchou a imagem de Aécio com o furacão de Furnas e resvalou em Marina com as denúncias sobre o avião e a campanha de Eduardo Campos.

 

Além disso, as investigações já chegaram em Eduardo Cunha, Renan e Temer, e já sobrou até para o Serra e pro FHC.

 

É terra arrasada na política brasileira, e dá para pensar que a gente não vai mesmo ter em quem votar nas próximas eleições presidenciais.

 

Afinal, se todos os principais candidatos já entraram na roda, quem vai sobrar para o eleitor escolher?

 

E é aí que mora o perigo. Porque a gente assiste ao crescimento de candidatos de extrema direita e da extrema esquerda e aventureiros que só querem aproveitar para surfar no tsunami.

 

Não é de hoje que eu venho dizendo aqui que só acredito em uma mudança e em um país realmente passado a limpo com uma reforma política que limpe esse sistema carcomido que corrompe e é corrompido por causa do financiamento de campanha e dos contratos para a realização de obras públicas.

 

Se muitos políticos usam caixa dois ou se até não sabiam que o dinheiro tinha origem suja, se embolsaram dinheiro público sabendo que era sujo, se depositaram em contas na Suíça, se compraram jatos, lanchas e luxo e estão nadando em dinheiro e na lama, é preciso definitivamente mudar.

 

Nós precisamos é de um novo arranjo, um novo paradigma, e ele só pode vir com uma Constituinte exclusiva para debater a reforma política, mas uma assembleia composta pelos partidos, sim, mas não só por eles e nem majoritariamente por eles.

 

Precisamos da representação da sociedade organizada, das associações de classe, dos sindicatos dos trabalhadores, das federações dos empresários, dos juristas, dos jornalistas, dos aposentados e dos sem-terra.

 

Precisamos da diversidade de um país plural.

 

Porque não adianta nada tirar um governo corrupto e colocar outro, com outras pessoas e outros partidos, mas igual nos compromissos escusos em nome da tal governabilidade.

 

O que eu quero saber é quem terá coragem de dar esse passo. O STF? A OAB? O governo interino? O Congresso Nacional?

 

Não sei, mas acho que sem um empurrãozinho não vai rolar.

 

 

E esse empurrãozinho só quem pode dar somos nós, o povo na rua.