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Família espera por Justiça quase dois anos após morte de bebê em creche de Bento

Família espera por Justiça quase dois anos após morte de bebê em creche de Bento


Quase dois anos após uma criança de oito meses morrer em uma creche de Bento Gonçalves, a família do pequeno Joaquim ainda espera pela resposta da Justiça.

 

Em contato com a reportagem do Grupo RSCOM, o pai do bebê, Juliano Pozzebom, disse esperar que a Justiça não trave para que outras pessoas não passem pelo mesmo sofrimento que ele e a mãe do bebê estão passando.

 

Segundo ele o fato não foi uma simples fatalidade, “o que a gente quer é que a população entenda que não foi uma simples morte, foi uma série de erros que foram cometidos, que acabou acontecendo com o meu filho”.

 

Pozzebom ainda ressalta que o sentimento de impotência e de angústia se agrava a cada dia que passa pelo fato de as respostas não virem e de existirem várias incógnitas e assuntos ainda não esclarecidos.

 

Pozzebom conta em detalhes o que ocorreu no dia em que a tragédia. Segundo ele pela manhã a mãe foi levar a criança até a creche, e já avisara as cuidadoras, de que seria o último dia de Joaquim no local, pois o casal já havia conseguido uma vaga em outra creche para a criança.

 

Por volta das 15h45min, a mãe do bebê foi comunicada pela própria creche de que o bebê estaria passando mal, porém, ao chegar ao local não teve acesso à criança, que foi levada para o hospital. A morte de Joaquim foi informada ao pai assim que chegou ao hospital.

 

Pozzebom conta que já não estava satisfeito com o atendimento da escola e por isso havia procurado outro local para deixar o filho. “A gente sentia que tinha algo de errado. O nosso filho chegava com roupa molhada e a gente via que ele estava por vezes rouco de tanto chorar” afirmou.

 

Ele questiona alguns pontos que não ficaram claros, como o sumiço das imagens das câmeras de segurança do local, e a falta de preparação e especialização de alguns funcionários.

 

Em março de 2015, a Polícia Civil indiciou cinco pessoas pela morte de Joaquim. Dois proprietários, dois funcionários e uma pessoa da empresa de vigilância da creche, que falsificou o laudo que apontava que as câmeras de videomonitoramento não estavam funcionando.

 

O caso foi encaminhado ao Ministério Público que denunciou os cinco no dia 16 de março deste ano, e no dia seguinte foi encaminhado ao Poder Judiciário. Segundo o promotor da Vara de Infância e Juventude, Eduardo Lumertz, se condenados, os denunciados devem responder pelos crimes de homicídio culposo, falsidade ideológica e fraude processual.

 

O próximo passo, segundo a assessoria de imprensa da Juiza Fernanda Ghiringuelli de Azevedo, que já aceitou a denúncia, será a citação dos envolvidos, que posteriormente serão ouvidos. Não há prazo para a citação dos denunciados, porém, após a citação eles terão dez dias úteis para se manifestar. Por se tratar de um homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, os denunciados não vão a Jurí.

 

 

Outro ponto citado pelo pai da criança, foi o fato de os proprietários do local insinuarem que o pequeno Joaquim teria problemas de saúde. Segundo ele o filho “era uma criança normal, já estava começando a caminhar. Foi tudo comprovado com laudos, com a nossa pediatra, que acompanhou a gravidez. Tá tudo provado lá, com os laudos”, finalizou.