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Dilma pede que Senado evite “ferida difícil de ser curada”

Dilma pede que Senado evite “ferida difícil de ser curada”


A presidente Dilma Rousseff encerrou sua participação no julgamento do processo de impeachment nesta segunda-feira, dia 29, em uma sessão de 14 horas, pedindo "consciência" aos senadores no momento de votar. "Quando se faz exceções e se tira um presidente eleito sem crime de responsabilidade, esse ferimento será muito difícil de ser curado", afirmou.Dilma fez um pronunciamento ainda pela manhã e, em seguida, respondeu a questionamentos de 49 senadores, além de perguntas da acusação. Perto da meia-noite, o julgamento foi suspenso pelo ministro Ricardo Lewandowski, que presidente a sessão. O julgamento será retomado às 10h desta terça-feira, dia 30.

 

 

Para o segundo dia do julgamento, estão previstos os debates orais entre acusação e defesa, que poderão fazer o uso da palavra por uma hora e meia, cada. Depois, os senadores poderão falar por até dez minutos – 56 parlamentares já se inscreveram até o fim da noite. Após os discursos, o presidente do processo de impeachment, ministro Ricardo Lewandowski, deve apresentar um relatório resumido dos fundamentos da acusação e da defesa. Na sequência, haverá enfim a votação. Dilma será afastada definitivamente se a acusação receber 54 votos ou mais.

 

 

Dilma cita “outro tipo de golpe”

 

 

"É muito grave afastar uma presidente da República em crime de responsabilidade, mesmo que o impeachment esteja previsto na nossa Constituição", reforçou a presidente. "Não se trata de um golpe como aquele que nós todos sofreram ao longo da nossa juventude", definiu. Dilma avaliou, ainda, que a pressão política contra o seu governo serviu para agravar a crise econômica. "Enfrentamos um processo que teve início com sobredeterminação da conjuntura política, que agravou um processo econômico", apontou. "Nesta área podemos ser capazes de fazer acordos e com eles recuperar de forma mais rápida a economia brasileira. Temos fundamentos sólidos", projetou.

 

 

Para a Dilma, a condução do processo de impeachment sofreu essa influência, podendo levá-lo a ser classificado de golpe. "A disputa situação e oposição é normal e vantajosa num país democrático, mas não tentar inventar crimes de responsabilidade onde não existem ou transformar a execução do gasto público num espaço de disputa ideológica sem consequências para o bem do país", argumentou. Ao fim das considerações finais da presidente, senadores do PT e alguns pontos da galeria aplaudiram, apesar do Lewandowski pedir o silêncio por se tratar de um julgamento. Parte da oposição executou vaias, enquanto alguns optaram pelo silêncio.