A joia da coroa

Até os caixas eletrônicos sabem que o Banrisul é a joia da coroa do governo gaúcho, e que exatamente por isso toda vez que se fala em privatização aqui no estado lá vem de novo o boato da venda do banco de todos os gaúchos.

 

Só que dessa vez, mesmo com todas as negativas do lado do Piratini, o boato encontra eco na afirmação dos ministros Eliseu Padilha e Henrique Meirelles que colocam o banco como item negociável pra ajuda do governo federal ao estado.

 

Padilha diz que a decisão é de Sartori, mas Meirelles já disse com todas as letras que a ajuda ao governo do estado passa pela venda do Banrisul.

 

A verdade é que a possibilidade de privatização do banco virou o principal assunto político no Rio Grande desde o final de janeiro, e as especulações fizeram praticamente dobrar o valor das ações do banco porque literalmente, o mercado está assanhado com essa possibilidade.

 

Nada mais natural na lógica do mercado, pois o banco dá lucro e é o lucro que movimenta o mercado.

 

Só que o estado recebe dividendos com isso, e é exatamente por isso que a ideia de vender o banco parece estapafúrdia, além disso, o banco tem uma função estratégica fundamental pro desenvolvimento do estado que não dá pra deixar nas mãos da iniciativa privada.

 

Por isso, e eu quero muito acreditar quando o governo diz que não existe a mínima chance de sequer discutir a privatização.

 

Mesma assim, não custa lembrar que a venda do banco estava prevista como segunda etapa da renegociação da dívida lá no início dos anos 1990, quando Antonio Britto era governador e Fernando Henrique Cardoso, o presidente.

 

E, desde lá, os defensores do estado mínimo jamais abandonaram essa ideia.

 

O certo é que a venda do Banrisul está sim na mesa do governo federal, mas a coisa não é tão fácil, porque, mesmo que quisesse, o governo não pode decidir vender o banco sozinho.

 

Pra fazer isso, será preciso superar duas barreiras praticamente intransponíveis: pra vender o banco, o governo precisa derrubar a exigência de plebiscito ou colocar a proposta na mesa e convencer a população a votar a favor numa consulta popular.

 

 

Hoje, mesmo com toda a crise, até pagar em dia o salário dos servidores é mais fácil que isso.