Foto: Arquivo Leouve
É de política que estamos falando?
Não, absolutamente. Aliás, um bom político, ao ser designado como Mito, deveria se sentir insultado, porque “Mito” se define como uma representação de uma origem fantasiosa de alguma coisa.
Em tal contexto, um Mito é uma expressão de algo fantasioso, uma alegoria e, por assim dizer, de algo não verdadeiro. Aqui, vamos usar a expressão “Mito” no sentido de algo não explicável racionalmente.
Antes da Grécia Clássica, não poderíamos falar de explicações racionais, em algo que se justificasse pelo próprio intelecto, pelo exercício racional do pensamento, pois isso só passou a ser possível com o desenvolvimento da Filosofia e da Lógica.
Contudo, ao logo da História, desde os primórdios, diferentes culturas tentaram explicar o surgimento do mundo, dos homens, bem como das coisas que há no mundo, inclusive as más, como as doenças, o ódio, as guerras, as desgraças e, na falta de desenvolvimento de uma explicação racional, os povos recorriam aos Mitos, quase sempre ligados aos deuses (havia muitos, cada um incorporando uma característica humana: o Deus do Trovão, o Deus da Coragem, o Deus da Beleza, a Deusa da Justiça, a Deusa da Paixão, para ficar em poucos exemplos) que recompensavam e castigavam, tendo total poder pelo destino dos seres humanos. Um desses Mitos é o de “Pandora”, tirado da Mitologia Grega para explicar o surgimento da primeira mulher criada pelos deuses.
Na Mitologia Grega, havia uma época em que não existiam mortais, apenas “deuses” e “titãs” (ancestrais dos futuros deuses do Olímpo). Prometeu e seu irmão Epimeteu eram titãs. Juraram lealdade a Zeus e aos outros deuses olímpicos que ficaram ao seu lado durante a guerra entre os titãs. Como recompensa, Zeus deixou que Prometeu e Epimeteu criassem as primeiras criaturas para viver na Terra.
Epimeteu criou os animais e deu a cada um uma habilidade especial e uma forma de proteção. Já Prometeu sabia que o homem precisava de algo para se proteger e perguntou a Zeus se ele poderia deixar o homem utilizar o fogo. Mas Zeus refutou o pedido, justificando que o fogo pertencia apenas aos deuses.
Porém, Prometeu, convencido de estar certo, roubou o fogo dos deuses e o entregou aos homens. Por essa razão, Prometeu foi punido pelos seus atos, sendo amarrado em uma montanha, onde, todos os dias, uma águia comia um pedaço de seu fígado, que crescia novamente durante a noite, e era comido outra vez no dia seguinte.
Entretanto, Zeus não conhecia o princípio da proporcionalidade e não puniu só Prometeu. Zeus acreditava que os humanos também tinham culpa, porque, afinal, eles aceitaram o dom do fogo de Prometeu (que lhes trouxe inteligência), e Zeus resolveu “punir” o homem, criando a primeira mulher: a Pandora.
Ao criarem a Pandora, os deuses deram a ela uma caixa, “A Caixa de Pandora”. Dentro dela estavam maravilhas, tudo de bom que poderia existir. Mas os deuses advertiram Pandora de que não deveria abrir a tal caixa.
E Pandora obedeceu? De jeito nenhum. Incontida, mesmo advertida, Pandora abriu a caixa e, por esse pecado, essa insurreição contra os deuses, da caixa saíram dor, sofrimento, desgraça, guerra, ódio, ciúme, rancor, tudo, enfim, de ruim. Eis a mulher, já na Mitologia, como a culpada por toda desgraça do mundo.
Será que só por coincidência essa ideia irá se identificar a passagem bíblica de Adão e Eva? A par de Eva ser feita de uma costela de Adão, ou seja, surgindo desde logo de modo funcionalizado e, como uma simples parte de um todo que, fora dele, destacada daquele todo (homem) não tinha qualquer serventia ou existência própria.
Também aí a mulher acaba sendo responsável ou culpada pelo pecado original, já que não resistiu ao não se deter em comer a maçã envenenada, ludibriada que foi pela serpente, em que pese a advertência de Deus.
A partir daquele “pecado original”, o homem – que viva em plena liberdade e em abundância, em um paraíso – conheceu a desgraça, a dor, a fome e a morte. Pois obrigado a prover a sua própria subsistência. Eva foi a incorporação bíblica da primeira corrupção.
Por quem foram “revelados” esses saberes? Por Homero (em Ilíada e Odisseia), por Hesíodo e por Moisés, ou seja, homens. Pessoalmente, não tenho nenhum problema com isso, tampouco com a minha condição de mulher, vez que ela nunca me impediu de conformar o meu próprio destino, nem atrapalhou as minhas escolhas.
Não posso, por outro lado, deixar de reconhecer que não sou paradigma e que a realidade me mostra o tanto que esses saberes míticos estão impregnados nas mentes das pessoas, assim como o quanto eles sedimentam a subjugação.
E o maior dos problemas: os Mitos, por não serem explicáveis pela razão, pelo intelecto, eles passam a ser vistos como inquestionáveis. Talvez não precisamos falar sobre o Mito de Pandora em específico, mas podemos sempre rever os posicionamentos que eles forjaram nas cabeça dos serem humanos, para alterar a lógica do jugo e da dominação, e resgatar uma lógica mais humana de igualdade.
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