Tenho pouco tempo de vida…

Percebi que já ultrapassei uma parcela significativa da minha caminhada, só tenho 24 anos para viver, pois a expectativa de vida do homem brasileiro é 72,5 anos segundo dados estatísticos. E, no momento que me dei por conta deste cálculo fatídico, regressei no tempo a exatos 24 anos. Encontrava-me concluindo um curso superior, iniciando uma jornada cheia de sonhos profissionais, com a ingênua suposição da sabedoria, que aos poucos foi sendo lapidada pelos erros que cometi, estava em processo construtivo de quem sou hoje.

Então o meu tempo remanescente é exatamente a jornada da juventude rumo á velhice, contudo não possuo mais o esplendor da mocidade, daqui para frente à insalubridade da “melhor idade” será a parceira que guiará meu destino. Vinte quatro anos parecem que foi ontem, ao tempo que estes mesmos anos, parecem ser amanhã.

Sim, meu tempo está findando e percebi que a maior parte dele eu dediquei a mim mesmo, pouco retornei para com o Criador, muito recebi, pouquíssimo dei. Todavia ainda há tempo, tenho mais 24 primaveras para plantar e resgatar o “tempo perdido” com a insignificância do manto do materialismo com que me cobri até então, neste egoísmo leviano. Nada levarei a não ser o que está em meu íntimo, pois compreendi que lá em cima o que vale é a fraternidade proporcionada pelo amor ao próximo.

Lembrei que sequer tenho a propriedade do meu corpo, em dado momento tudo se vai. Contrariando a ciência lógica pensante percebo que dar é conjugar o verbo receber e que a cada dia, as palavras de Nosso Senhor é o pão espiritual que nutre minha alma.

A partir de hoje vou me doar genuinamente, com desejo de me tornar uma porta de entrada da Providência para que ela se infiltre no meu íntimo. Deixarei de patrocinar o individualismo para contribuir e me somar às forças angelicais, firmando um elo de reciprocidade, com a esperança de que consiga apagar uma parte dos erros que cometi nesta caminhada cega. Suplico para que a espada da justiça tenha clemencia e não desabe bruscamente sobre minha cabeça, pois hoje percebo a diferença entre dar e se dar.

Assim, quando bater nas portas do céu, anseio ser merecedor de mais uma parcela do esplendor da misericórdia Divina e possa com isso me aproximar um pouco mais da imagem e semelhança do Cristo Salvador.

Sim… Morro hoje para renascer amanhã, diante da Glória Celestial… Que assim seja.’.

Por Mauro Falcão, em 25/08/2019