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Sobre ser gay, ou não

O meu amigo Leo tem uma máxima que acho sensacional: “estou numa idade em que conclui que não preciso ter opinião sobre tudo”. Parabéns a ele que verbalizou algo que eu já sentia também quando tinha a idade dele, o que faz um bom tempo.

AÍ vem esta discussão esdrúxula sobre cura gay. Chego a ficar com enfaro. Discutir não vai resolver. Poderia até jogar luz neste mundo de trevas, preconceito e radicalismo. Mas reconheço que as chances de mudar a opinião de alguém por esta artigo são tão remotas quanto a de uma psicóloga ou um pastor mudar a orientação de alguém que efetivamente se assuma como gay ou lésbica. Afinal, há muito mais nesta condição sexual do que livre arbítrio. Aliás, quando e se o caso for este, de pura e simples escolha, aí quem sabe uma boa lavagem cerebral ou uma surra de pepeca daria jeito.

Cheguei mesmo a pensar que a proibição da tentativa de ministrar a tal terapia para conversão de gays em héteros também não era certa. Afinal, se não queremos proibir para um lado, porque proibir para o outro?  Ora, se os caras acham que pela conversa, pela benzedura, ou por uma novena seja possível, porque não tentar?

Dois argumentos respondem a estas questões, além daquele que diz não poder haver cura para o que não é doença: 1) se abre espaço para o charlatanismo, ou seja, gente ganhando dinheiro em cima da ignorância alheia; 2) seria mais uma postergação, mais uma forma de coerção, uma tentativa de mudar um comportamento que é uma condição que leva a determinado comportamento. Ou seja, pressão no “paciente”.

Então, antes destas terapias alternativas, não seria plausível propor tratamento à família, fazendo-a entender o que levou a pessoa a assumir publicamente esta opção de se assumir como gay ou lésbica? Uma decisão tão contestada na sociedade e por isso mesmo, difícil de ser levada adiante.

Sei, há adolescentes indecisos ou fazendo experimentos – nunca vi tantas meninas de mãos dadas ou arriscando selinhos aí pelas ruas. Não sou expert (nem sei quem seria), mas isto não é caso LGBT. É modinha, é experimentação, descobrimento e desafio. Em alguns casos será levado adiante para a vida, em outros, de fato pode ser que conversa e acompanhamento resolvam. Mas, favor não confundir com quem, de fato, sabe que é o que é.  Estes não precisam de conversão, mas de compreensão.

Gerson Lenhard

Jornalista com atuação em jornais por 25 anos e experiência de mais de 12 anos em rádio. Acompanha a política nacional e o mundo dos negócios, especialmente em Bento Gonçalves.

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