Comentário de Sílvia Regina. (Foto: Reprodução)
“O mal nunca é fora do comum e sempre humano. Compartilha nossa cama e come à nossa mesa”, disse o Poeta W. H. Auden. Pensei nisso ao lembrar que, quando criança, minha mãe me orientava a nunca conversar com estranhos e não aceitar nada que desconhecidos me oferecessem. Ela tinha medo de que eu fosse vítima de rapto ou de abuso sexual.
Não sei se era comum os pais darem a mesma orientação aos meninos, mas o abuso sexual de meninas era preocupação recorrente deles. No meu caso, eles deveriam ter se preocupado mais com minha energia que não tinha fim. Estabanada, fui atropelada duas vezes. Eu era do tipo “um susto por dia”, porque adorava correr rua.
Porém, no que respeita ao receio de abuso sexual por estranhos, as orientações funcionaram bem. Lembro que uma vez pus para correr uns rapazes com a espingarda de pressão do meu irmão.
A vida profissional, contudo, me mostrou que os pais, em geral, se preocuparam muito com “estranhos”, quando o perigo de abusos sexuais contra crianças mora ao lado ou em casa, com pessoas que compartilham de nossa vida infantil, tornando tanto maior o perigo, a manipulação e a denúncia. Abusos sexuais por estranhos, estatisticamente, são raros e em percentual mínimo dos casos. A imensa maioria dos predadores sexuais convivem com as crianças e/ou adolescentes que, geralmente, são dominadas pelo medo e por ameaças.
Logo, a estratégia dos cuidados com estranhos precisa ser repensada. Precisamos mudar foco e metodologia.
Como fazer isso? Não sei exatamente a resposta. Mas sei que ela passa por um modo mais eficiente de estímulo da vítima a identificar o abuso (as crianças, por vezes, não têm consciência de que o abuso seja anormal).
Também passa, na minha percepção, por capacitar pessoas a enxergarem comportamentos abusivos e indicativos de que uma criança ou adolescente está sendo vítima de violência e, em suspeitando, que tenham um canal eficiente de denúncia, sem que sejam tachadas de precipitadas ou preconceituosas.
Só assim podemos prevenir, estancar ou mitigar a dor e o trauma da violência sexual em meninos e meninas, vítimas tão indefesas de predadores sexuais dissimulados e nada estranhos às vítimas.
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