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Refugiados ucranianos se adaptam ao Brasil em meio à incerteza da possibilidade de voltar para casa

Desde que o conflito entre a Rússia e Ucrânia começou em 24 de fevereiro, a Organização das Nações Unidos (ONU) afirma que o número de pessoas que já deixaram o país é superior a 5 milhões. Esses refugiados tem buscado países de todas as partes do mundo para se deslocar, um deles é o Brasil, que concedeu visto humanitário para quem tivesse interesse em vir para cá. De acordo com a Polícia Federal, mais de 800 ucranianos vieram para cá, entretanto, até quinta-feira, 5, o Ministério das Relações Exteriores concedeu apenas 141 vistos humanitários. Sofia Okhrimenko, de 18 anos, e seus irmãos mais novos, foram alguns dos que vieram para cá. “Eu me sinto responsável, meus pais confiam em mim e meus irmãos também”, diz a jovem que agora está encarregada de cuidar dos gêmeos, Valeria e Vladyslav, de 16, a mais de 10 mil quilômetros de sua casa e seus pais.

Antes de vir para o Brasil em decorrência da guerra, a jovem estava no primeiro ano de Matemática em uma universidade de Lviv. Ela e os irmãos estão abrigados no salão da igreja que os acolheu em São José dos Campos, no interior de São Paulo, onde recebem acomodação gratuita e doações dos fiéis. Seus pais ficaram na Ucrânia e atuam como voluntários em um templo, fornecendo ajuda a pessoas sem teto e sem comida. Antes da invasão russa, a mãe era professora e o pai um vendedor de móveis. Com eles também está a irmã mais nova de Sofia, de apenas 4 anos. Ela e os irmãos, que chegaram ao Brasil no final de março com um grupo de 33 ucranianos formados por mulheres, crianças, adolescentes e idosos, não tem data para voltar ao país natal.

Mesmo diante de todo o caos, ela se mantém otimista: “Rezar nesta atmosfera calma é muito tranquilizador. Creio que Deus está ajudando e dando-lhes forças e esperanças”, diz a adolescente em russo, a segunda língua da Ucrânia. Valeria, uma das gêmeas, segue os mesmo passos que a irmã. Apesar da dificuldade que está tendo em acordar cedo para assistir às aulas virtuais de sua escola ucraniana, ela aspira realizar alguns sonhos enquanto espera o momento de voltar: “Conhecer o mar e talvez algo mais extremo, como escalar uma montanha”, diz sorridente.

Ihor Nekhaev, de 62 anos, é o único homem adulto do grupo que está em São José dos Campos. Mas diferente de sofia, ele, a esposa, uma filha e dois netos adolescentes estão instalados em um apartamento. “Sentimos falta da Ucrânia, mas aqui nos sentimos bem e seguros, sentimos amor”, afirma. Ele tem um filho de 40 anos que teve que permanecer no país devido a lei marcial que opera e impossibilita que homens entre 18 e 60 anos saiam do país. Nikolai, que era distribuidor de água mineral e agora resgata pessoas e recolhe corpos em áreas geladas do conflito. “Sentimos medo por ele”, declarou Svetlana, esposa de Ihor.

As notícias sobre a guerra ocupam a tela da TV na sala do apartamento. “Pensamos em voltar quando tudo acabar, mas não sabemos se teremos para onde voltar. A região de Donetsk, onde fica nossa cidade, está sendo destruída”, lamenta a mulher que espera que o conflito acabe logo e que a Ucrânia se recupere para ser melhor. Mas, enquanto isso não acontece, eles aproveitam o momento aqui no Brasil. “Cada dia traz algo novo e um aprendizado interessante”, diz Svetlana. Ihor concorda. Surpreso com o país de acolhida, sente-se fascinado pelas cores do Carnaval. “Sempre levarei o Brasil em meu coração”, afirma.

*Fonte Jovem Pan

Paula Brunetto

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