Os dados mais recentes de faturamento confirmam uma boa reação da indústria moveleira nos últimos meses. O faturamento do polo moveleiro de Bento Gonçalves de janeiro a setembro de 2020 foi de R$ 1,54 bilhão, crescimento nominal de 6,0% em relação ao mesmo período de 2019. Atualmente, o polo – composto pelos municípios de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza – é responsável por 28% do faturamento do estado, onde o crescimento nominal do faturamento foi de 1,5% no mesmo recorte temporal.
Embora o faturamento real ainda esteja em patamares negativos, o trimestre julho/setembro colocou a indústria moveleira nos níveis de produção e empregos pré-pandemia. O economista do Sindmóveis, Eduardo Santarossa, elenca as principais razões para tal recuperação: a gradual retomada das atividades após as restrições mais intensas de produção e circulação de pessoas; a demanda reprimida por móveis e o atendimento da indústria a essas demandas; novos hábitos de consumo e adaptação da indústria moveleira ao novo cenário; e medidas emergenciais do governo que auxiliaram na manutenção do consumo.
Contudo, o cenário ainda desperta muitas preocupações especialmente pelas incertezas no cenário político e econômico, destacando-se os riscos de uma segunda onda da pandemia e a situação fiscal brasileira. Outra fonte de incertezas e dificuldades vem do aumento significativo dos custos e atrasos no abastecimento de insumos. Isso se deve especialmente pelo descompasso entre oferta e demanda, onde as vendas se recuperaram de modo mais rápido do que a produção em um contexto de estoques em baixa e pela alta de preço dos insumos dolarizados. “Para se ter uma referência dos preços médios enfrentados pelo produtor, os índices divulgados pela FGV conhecidos como Índice de Preços por Atacado já acumulam alta de mais de 20% no ano”, exemplifica o economista do Sindmóveis, Eduardo Santarossa.
O presidente do Sindmóveis, Vinicius Benini, argumenta que o setor ainda não se recuperou da crise de 2015 e 2016 e vinha batalhando para a retomada de índices positivos quando aconteceu o alastramento da pandemia. Segundo ele, o ano de 2019 já não tinha sido um ano exatamente bom: houve um crescimento de 5% no faturamento do polo moveleiro, mas isso não representou necessariamente um crescimento real. Ou seja, a entidade considera que no ano passado o setor ficou praticamente estagnado. “Atualmente, a indústria de móveis conseguiu engrenar num caminho de recuperação. A geração de empregos no mês de setembro fez com que o segmento moveleiro superasse o saldo de postos de trabalho do início de 2020 pela primeira vez desde o início da pandemia”, destaca.
Em relação às exportações, o polo moveleiro de Bento Gonçalves apresentou uma queda de desempenho entre os meses de janeiro e setembro deste ano, na comparação com igual período do ano passado. Em Bento Gonçalves, foram exportados US$ 31,5 milhões nesses nove meses do ano, queda de 7,3%. Apesar dos valores exportados em dólares estarem em queda, o desempenho do polo moveleiro é superior em relação ao estado e país. Isso se deve, principalmente, ao resultado nos Estados Unidos, Peru e Reino Unido. Atualmente, os EUA estão consolidados como o principal destino dos móveis da região.