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Plano Diretor: o gato subiu no telhado

Sempre existiu a suspeita de que alguns vereadores tinham outros interesses em aprovar certas emendas ao plano diretor, sobretudo naquela área dos bairros Planalto e São Bento. Agora surge esta pista pra lá de verossímil, com a gravação de uma conversa em que o vereador Gustavo Sperotto, sem saber que estava sendo gravado, abre o jogo: houve proposta de 40 mil reais para aprovar edifícios de oito andares no corredor gastronômico e cercanias. Aquilo que o movimento “O Bairro São Bento não quer edifícios” se opõe.

Desde sempre a obstinação do movimento fazia supor que havia algo mais entre o dito e o ocultado acerca do assunto. Não era à toa que alguns moradores se mostravam incrédulos e impertinentes. Eles tinham a desconfiança que mais uma vez uma parte do mapa apareceria pintada de outra cor, mudando a configuração de determinada zona, como aconteceu na revisão anterior do Plano. Aliás o vereador Sperotto também explica isto na gravação feita por algum morador em encontro mantido para tratar de assuntos de interesse de determinado bairro, que sequer era o São Bento, como se procedem estas mudanças repentinas.

Poder-se-á dizer que falta uma prova concreta. Hora o testemunho de um vereador que esteve presente à reunião parece bom o suficiente para quem conhece os trâmites destes assuntos. A velha história de que onde há fumaça há fogo está se confirmando. Uma pena que assim seja.

Mas é importante que se diga também que um segredo não persiste quando pelo menos duas pessoas o compartilham, que dirá um grupo de vereadores com interesses difusos.

A denúncia chegou ao Ministério Público esta manhã e a investigação correrá em segredo. Mas é preciso dizer que a imprensa não tem compromisso com o segredo da notícia, só com o transcurso da investigação. A nós cabe denunciar e exigir providências. Vale lembrar que neste país, portanto também em Bento, era possível tudo até outro dia. Agora a corrupção é punível nos dois polos, o passivo e o ativo. Há empresários atrás das grades.

Certamente outros vereadores serão ouvidos na investigação e tomara que pelo menos mais um confirme ter recebido a proposta e recusado – a pena é que a denúncia não tenha vindo logo à tona. Sabe-se porque: difícil de comprovar.

Também é preciso dizer que o MP não terá a menor dificuldade em saber de onde partir a indecorosa proposta e que, no Brasil de hoje é possível fazer acordos de leniência e de delação premiada. Instrumentos que auxiliam a inibir fatos como este.

Gerson Lenhard

Jornalista com atuação em jornais por 25 anos e experiência de mais de 12 anos em rádio. Acompanha a política nacional e o mundo dos negócios, especialmente em Bento Gonçalves.

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