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Os sinos dobram por Randon

A sensação de uma espécie de solidariedade emocionada que tomou conta dos caxienses pela passagem de Raul Randon no sábado, a morte que coroou os quase 90 de uma vida esplendorosa e empreendedora, me lembrou o poeta inglês John Dolle, que garantia que nenhum homem é uma ilha isolada, porque cada homem é uma partícula do continente e uma parte da terra.

Então, a morte de Randon é uma parte da terra que se desprende de nós pra ganhar a eternidade. Porque, se um homem é também o seu legado, o legado de Randon não morre. E, se todo homem tem de morrer um dia porque toda morte é esperada e inexorável, nem todas têm o mesmo significado.

E o significado da vida e da morte de Raul Randon está na trajetória que construiu um império que vai desde o campo até as fábricas pesadas, está na iniciativa de um homem que se confundiu com o desenvolvimento da economia de Caxias do Sul pelo menos nas últimas décadas.

Os empreendimentos numerosos e variados que nasceram ao natural, sem qualquer tipo de planejamento prévio, como ele mesmo dizia, testemunham o esforço de um homem de resultados sempre superlativos. Dos tempos em que ajudava o pai na pequena fábrica de ferramentas agrícolas no final da infância até hoje, Randon criou 15 empresas, levou a Randon a se tornar uma das principais empresas do país e a estar entre as maiores do mundo.

A diversificação é a marca dessa trajetória de Randon. A produção de vinhos nasceu da vontade de produzir uma bebida para comemorar um aniversário de casamento, a produção de queijos nasceu da sugestão de um amigo italiano, a produção de carnes nasce por questões ambientais.

Um coração generoso e cativante que faz parecer que alguém da família morreu, e deixa a todos nós de luto, ainda que Caxias não esteja de luto por força da insensibilidade dos governantes. No rumo do centenário, o coração de Randon se fragilizou, mas nunca diminuiu de tamanho. Um coração que era também um motor trabalhando para o desenvolvimento, e que agora deixa de girar.

Tive a oportunidade de conhecer esse carisma e o perfil compreensivo, o dinamismo amigo e sua simplicidade honesta que cativavam a todos, em algumas entrevistas concedidas em momentos distintos da sua vida e da vida das empresas – alguns positivos, como no anúncio de novos empreendimentos, outros espinhosos, como no caso da crise dos anos 80 –, e da vida da Nação.

O budismo acredita que a morte significa o começo de uma próxima vida e, por isso, ela é apenas uma passagem. E lembrando disso lembrei novamente o poeta, que dizia que a morte de qualquer homem diminui a todos porque todos são parte do gênero humano. Por isso não é preciso perguntar por quem os sinos dobram.

Hoje, eles dobram por Raul Randon.

Redação Leouve

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