Foto: Arquivo Leouve
Sempre associei a expressão “maquiavélico” a algo muito ruim, repulsivo, ignóbil, de coisas que somente poderiam ser pensadas e feitas por um ser humano mau, cujo protótipo era o florentino Nicolau Maquiavel.
Até antes de escrever essa Coluna, fui verificar no dicionário o significado dado para esse adjetivo e lá diz: “relativo a Maquiavel; sem escrúpulos, pérfido…”
Maquiavel foi tudo isso? Então, ele foi um tirano!
Essa é a conclusão a que se chega, se repetirmos coisas sem conhecermos a história; se emitirmos uma opinião sobre um livro pela sua capa ou por ouvirmos dizer sobre ele, ou se lermos um único livro de um autor e acharmos que conhecemos, por isso, toda a sua obra e pensamento.
Nicolau Maquiavel nasceu em Florença, na Itália, em 1469. Na época, a Península Itálica era a região mais rica, comercialmente, da Europa. Aliás, foi lá que teve início o Renascimento econômico, urbano e cultural. Entretanto, a Península Itálica, no âmbito político, era totalmente fragmentada, e Maquiavel (que teve uma educação humanista e que, aos 12 anos, já lia e escriva em Grego e Latim) tinha um sonho de unificação da Península, para que ela se transformasse em um grande Reino como já havia sido durante o Império Romano. Isso reclamava união e não disputas internas, entre os fragmentos italianos, e externas.
Florença, àquele tempo, era uma das regiões mais desenvolvidas da Itália. Desde o nascimento de Maquiavel até o ano de 1492, ela era governada por Lourenço de Médice, “o Magnífico”, homem nascido em uma família podre de rica e que, praticamente, criou o sistema bancário na Europa.
Quando Lourenço de Médice morreu, em 1492, o filho Piero de Médice não conseguiu se manter no poder. Então, o Frei Beneditino Savonarola, com a ajuda da França, tomou o poder em Florença e expulsou de lá a Família Médice.
Mas o poder subiu pra cabeça de Savonarola; ele, que queria a todo custo instituir uma Teocracia em Florença, governou Florença de 1494 a 1498, quando foi deposto e morto. Durou pouco, portanto.
Em 1498, uma República foi instaurada em Florença que passou a ser governada por Soderini, amigo do pai do Maquiavel. No tal governo, Nicolau Maquiavel, aos 29 anos de idade, assumiu um dos mais altos postos, a 2.ª Chancelaria (o terceiro órgão mais importante da República), cargo que exerceu por 14 anos.
No exercício da função, Maquiavel se tornou um experiente e habilidoso diplomata, transitando tanto pelos botecos como pelos palácios. Era ele sempre o chamado ou enviado, quando Florença queria fazer alianças com outras províncias ou grandes reinos.
Porém, a alegria de Maquiavel não durou para sempre: em 1512, com o apoio do Reino Espanhol, os Médices retornaram ao poder em Florença, com Lourenço de Médice (agora, o neto do Magnífico); Lourenço de Médice destituiu a república e demitiu todo o pessoal que tomou parte nela, incluindo Maquiavel.
Um ano após, ocorreu uma conspiração, levada a efeito por amigos íntimos de Maquieval, para retirar os Médices do poder; embora Maquiavel não tivesse tomado parte na tal conspiração, foi compreendido como se tivesse. Em conclusão: Maquiavel foi exilado (1513), sendo proibido de colocar os pés em Florença.
Durante o período de exílio, baseado em suas vivências políticas, Maquiavel, que amava Florença e queria ver a Itália unida, escreveu, em 1515, uma de suas obras, aquela pela qual ficou conhecido na História como um homem mau, embora nunca tivesse sido. Isso porque ele queria ver a Itália unida em um poder central que fizesse com que ela crescesse mais ainda, não só do ponto de vista econômico, mas, politicamente, para ser um grande Reino, retornando ao esplendor que que já havia sido Roma.
Nicolau Maquiavel escreveu “O Príncipe” para Lourenço de Médice e fez com que a obra chegasse ao seu destinatário, como quem dissesse: “Toma, Lourenço. Esta obra, eu a escrevi pra ti. Aqui está toda a minha experiência de 14 anos na vida política em que aprendi a conhecer o homem e a Política. Este é um “manual” que ensina a como conseguir o poder; como agir, politicamente, para deter, exercer e se manter no poder, e para expandi-lo. Você é a única pessoa capaz de aprender a lição aqui posta e unificar a Península Itálica, para que possamos tornar a ser um grande Reino”. Esse era o objetivo específico de Maquiavel.
Mas ele “causou”, porque, até ali, toda Filosofia (leia-se, sabedoria), fosse ela Antiga ou Medieval, havia se voltado para um “dever-ser”, ou seja, veiculava uma “prescrição”, dizendo como as coisas deveriam ser e como o próprio homem deveria ser e agir. Maquiavel partiu de outra perspectiva: mostrar para o Príncipe Lourenço de Médice como os homens realmente são e, portanto, ele fez uma “descrição” dos homens.
E ao fazer uma descrição dos homens, Maquiavel diz ao Príncipe que os homens não são bons. Ao contrário, são egoístas, materialistas, esquecem logo tudo de bom que um Príncipe possa fazer a eles e o apunhalam no primeiro erro (que jamais esquecem) ou na primeira vez que o Príncipe disser não a eles. O bem comum não é da natureza humana, pois ela é egocêntrica e individualista. Os homens pensam só nos seus umbigos.
O Príncipe, então, é um cara que precisa ter “virtú”, aqui não compreendida como a virtude, mas, sim, como sagacidade, astúcia, inteligência, firmeza, sem piedade; é aquele que faz o que tem que ser feito, a qualquer custo, na hora certa, para atingir os fins. “Os fins justificam quaisquer meios”. O Príncipe não tem que governar agradando todo mundo, mas precisa ser temido e se impor pelo medo.
Isso obviamente não foi visto com bons olhos. Até aquele momento histórico, a Política se inseria no quadro da Ética, e a Ética, no quadro da Religião. O que Maquiavel propunha era tornar a Polícia uma ciência autônoma e independente, liberta da Moral Cristã, liberta de toda Ética. Uma teoria do poder. O Príncipe poderia tudo, até mesmo impor a ferro e fogo sua vontade.
O que as pessoas provavelmente não vão saber é que esta proposta tinha um limite para Maquiavel. Essa Política se impunha somente até que houvesse a unificação da Península Itálica. Tão logo unificada, então, haveria condições de se estabelecer a República que era o verdadeiro sonho de Maquiavel. Onde ele disse isso? Obviamente não foi em “O Príncipe”.
A referida obra, ele escreveu para Lourenço de Médice no propósito de unificação da Itália. Porém, Maquiavel não escreveu apenas “O Príncipe”. Ele escreveu “Os Discursos da Primeira Década de Título Lívio” – obra em que se confessa amante da República, da liberdade; onde defende que, tão logo instaurado o poder do Principado e unificada a Península Itálica, estava dado o passo necessário para se instaurar uma República – e a “Arte da Guerra”.
Em 1520, Maquiavel foi convidado a ser professor na Universidade de Florença e, aí, também foi contratado para escrever a História de Florença, obra que ele terminou em 1525. Porém, em 1927, acontece a queda dos Médices e demissão de Maquiavel. Fora da Política, Nicolau Maquiavel morreu pobre, esquecido, sem fama, não deixando nem dinheiro suficiente para custear o próprio, depois de cometer o crime de descrever os homens e a Política muito parecidos com o que eles são.
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