Não pise na grama, nem no resto

Discute-se muito sobre papel da escola e a importância da educação na vida das pessoas. Cada vez que nos afastamos um pouco para ver no que é que o Brasil se transformou ficamos um pouco assombrados. Ou será normal que tenhamos medo de sair à rua à noite; eu vejamos tantas mortes no trânsito a cada feriadão?

Todo mundo sabe o que é a corrupção, o que são maus hábitos e pensamos sempre que as regras servem aos outros e que podemos quebrá-las em nosso benefício sem que isto vá afetar a vida dos demais. Tipo furar uma fila; não respeitar a regra de um restaurante e tentar entrar com seu animal de estimação, “porque ele é muito comportado” e aí por diante.

Nestes últimos dias tenho me surpreendido com alguns avisos que vejo em ambientes públicos. Na vidraça de um pequeno auditório do quinto andar de um prédio na rua principal da cidade um adesivo continha os dizeres “favor não jogar objetos para fora”. Na pequena cafeteria há um banco estofado que corre toda a extensão da parede. Está lá o cartaz: “favor não pisar sobre o banco”. Este aviso, deduzo, é para pais de crianças que não conhecem limites.

Raros são os banheiros de restaurantes que não precisem de avisos do tipo: jogue o papel no cesto; mantenha este local limpo, etc.

A impressão que fica é a de que perdemos parâmetros. Avançamos em algumas questões importantes. Bulliyng e racismo ou homofobia são condenados; já não se vê mais pessoas fumando em qualquer lugar levando mesmo à redução do hábito do tabagismo. Mas há um certo exagero na aplicação do politicamente correto e uma superproteção que afrouxou em demasia a rigidez na educação. Crianças que podem tudo e não temem represália serão que tipo de adulto?

Me atrevo a dizer que são elas que levam seu cachorro a passear e não recolhem os dejetos. Desse jeito, logo as placas de “não pise na grama, devem ser substituídas pelo “não pise no cocô”. Minha vontade é espalhar plaquinhas nas calçadas daquelas que se vê nos banheiros públicos: “por favor, dê a descarga”.