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Ministério Público solicita à Justiça que o ex-deputado Jean Wyllys apague postagem contra o governador Eduardo Leite

Em novo capítulo envolvendo postagem do ex-deputado federal baiano Jean Wyllys com ironias à orientação sexual sexual do governador gaúcho Eduardo Leite, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) pediu à Justiça a que a manifestação que originou a polêmica seja removida das redes sociais. Também solicitou que o autor do texto supostamente ofensivo seja alvo de quebra de sigilo de dados.

No dia 14, o ex-parlamentar escreveu que Leite é “gay com homofobia internalizada, decorrente de libido e fetiches em relação ao autoritarismo e uniformes” por manter no Rio Grande do Sul o programa de escolas cívico-militares”. A mensagem acabou originando investigação por ao menos dois crimes: injúria contra funcionário público e inicitação ao preconceito.

O encaminhamento do  Ministério Público ao Judiciário foi feito nessa sexta-feira (21), um dia após a Promotoria ser acionada pelo chefe do Executivo estadual. Se a medida for aceita, poderá ser fixada multa diária de R$ 100 por eventual descumprimento. Na peça, o promotor David Medina da Silva fundamenta:

“É possível afirmar que, inobstante críticas ao governo serem inerentes à democracia, Jean Wyllys ultrapassou os limites da liberdade de expressão, ofendendo a dignidade e o decoro do governador, sobretudo considerando-se o alcance da publicação, que às 18h do dia 20 (quinta) contava com 543 retweets, 297 tweets com comentários e 5.218 curtidas, além de mais de 1 milhão de visualizações”.

Medina destaca, ainda, que as alegações do investigado representam ofensas homofóbicas e incitam o preconceito contra minorias, “de forma criminosa”. Observação: tanto Wyllys quando Leite são homossexuais assumidos.

Ministério Público solicita à Justiça que o ex-deputado Jean Wyllys apague postagem contra o governador Eduardo Leite

Reação

Logo após a postagem original de JeanWyllys, Eduardo Leite a classificou de “deprimente” e disse “lamentar a ignorância” de seu detrator. Dias depois, publicou nas redes sociais um vídeo com novos comentários sobre o incidente:

“Quando Jean Wyllys dispara ataques a uma decisão que tomei como governador, ele pode discordar, ter outra visão. Mas associar essa decisão à minha orientação sexual e até mesmo a preferências sexuais, eu devo entrar com uma representação contra ele para que seja apurada conduta de preconceito, discriminação, homofobia”.

Entenda

O texto que deflagrou a polêmica sugere que o fato de Eduardo Leite ser uma pessoa gay é incompatível com a postura político-administrativa de manter as escolas cívico-militares no Rio Grande do Sul, após o Ministério da Educação anunciar a retirada de apoio a esse modelo de ensino. Confira:

– “Que governadores héteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação o autoritarismo e uniformes [militares]… Se for branco e rico, então… Tá feio, ‘bee’ [corruptela para ‘bicha’]”.

Essa não foi a primeira vez em que o político do PSDB teve a sua orientação sexual questionada pelo ex-parlamentar, que trocou o Psol pelo PT em maio de 2021. Menos de dois meses depois, ele ironizou a decisão de Eduardo Leite por ter assumido publicamente a sua homossexualidade mas ter apoiado a candidatura que resultaria na eleiçao de Jair Bolsonaro para a Presidência da República em 2018.

Repercussão

Segundo fontes ligadas ao Palácio do Planalto, a atitude do ex-deputado pode dificultar sua nomeação para cargo na Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Ele estaria em busca de reinserção política após retornar de um auto-exílio no Exterior, motivado por supostas ameaças de morte durante o governo de Jair Bolsonaro.

O ataque a Eduardo Leite, da maneira com foi feito, teria desagradado a aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do primeiro escalão federal. Isso porque a atual gestão tem realizado um esforço para dialogar com a oposição e evitar o acirramento dos embates políticos e discursos de radicalização.

Vale lembrar que, em recente visita oficial do líder petista ao Rio Grande do Sul (a primeira desde sua posse, em janeiro), ele e a primeira-dama Janja Lula da Silva foram recepcionados no Palácio Piratini por Eduardo Leite e o namorado, o médico Thalis Bolzan. O fato foi considerado por setores progressistas como um exemplo relevante na construção um ambiente de tolerância, até porque o Estado jamais teve um governador assumidamente homossexual.

Fábio Carnesella

Jornalista com pós graduação em comunicação digital. Atua no jornalismo desde 2002, com passagens por diversos emissoras da serra gaúcha. Assessor de imprensa na Câmara dos Deputados e Diretor de Comunicação da Prefeitura de Flores da Cunha.

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