Foto: Freepik/Reprodução
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A advogada Mônica Lopes Scariot, de Caxias do Sul, relatou que golpistas têm utilizado seu nome, sua imagem e informações reais de processos para enganar clientes. Ela afirma já ter registrado quatro boletins de ocorrência sobre o problema.

Segundo a profissional, os criminosos acessam processos judiciais que existem de fato e entram em contato com as partes se passando pelo advogado responsável.

“Eles pegam fotos dos nossos perfis no Facebook e Instagram e enviam mensagens dizendo que o processo teve sentença favorável. A partir disso, tentam coletar dados pessoais e pedir PIX”, relata.

Um dos pontos que mais preocupa é o nível de detalhamento usado pelos golpistas. Em alguns casos, segundo a advogada, os estelionatários chegam a criar documentos intitulados “alvará” com uso de inteligência artificial. O alvará é o documento utilizado na liberação de valores em processos. As versões falsas costumam trazer dados reais, como nome das partes e número do processo, o que torna o golpe ainda mais convincente.

Mônica afirma que esse acesso indevido a informações verdadeiras dos processos dificulta a identificação da fraude pelos clientes.

“Por isso tem sido tão complicado. Eles possuem detalhes que só alguém com acesso ao processo deveria ter”, explica.

Ela também demonstra preocupação com a chegada do recesso forense, que ocorre entre 20 de dezembro e 20 de janeiro. Nesse período, advogados e tribunais operam em regime reduzido, o que pode facilitar a ação de golpistas e aumentar a insegurança de quem espera movimentações judiciais.

Embora nenhum cliente seu tenha sido vítima, a advogada afirma conhecer casos de pessoas que fizeram transferências de valores altos (entre R$ 20 mil e R$ 30 mil) acreditando estar falando com seus representantes legais.

A orientação dos profissionais é que qualquer pedido de pagamento seja confirmado diretamente com o advogado, por canais oficiais. Em caso de suspeita, recomenda-se registrar boletim de ocorrência e comunicar o escritório responsável pelo processo.

Mônica publicou uma nota oficial em seu perfil do Instagram alertando sobre o golpe:

OAB/RS se posiciona sobre o golpe

A OAB/RS tem tratado o golpe do falso advogado como pauta prioritária e ampliado ações para enfrentar a prática. Em nota recente, a entidade informou que não tem medido esforços para evitar que mais pessoas sejam vítimas de criminosos que utilizam dados reais de processos e se passam por advogados por meio de aplicativos de mensagens.

Como parte dessas medidas, a Ordem gaúcha emitiu uma notificação judicial à Meta, empresa responsável pelo WhatsApp, pedindo a adoção de mecanismos mais rígidos de segurança para reduzir fraudes. No documento, a OAB/RS destacou que o Brasil enfrenta uma “epidemia de crimes virtuais” e que as plataformas precisam colaborar no combate às práticas criminosas.

Além das ações voltadas às plataformas, a OAB/RS tem atuado em conjunto com a Polícia Civil na prevenção e repressão às fraudes. A Ordem já promoveu campanhas informativas e estabeleceu protocolos de cooperação com as autoridades. A Polícia Civil atualizou recentemente o procedimento para registro das ocorrências relacionadas ao golpe: agora, as denúncias devem ser feitas diretamente na delegacia distrital mais próxima ou pela delegacia on-line. O envio de relatos por e-mail, utilizado anteriormente, deixou de ser válido.

A OAB/RS reforça que cidadãos e advogados devem adotar medidas preventivas. Para o público em geral, a recomendação é desconfiar de contatos que prometem liberação rápida de valores mediante pagamento antecipado, verificar números e e-mails e confirmar qualquer informação diretamente nos autos do processo ou em canais oficiais. Aos profissionais, orienta-se reforçar junto aos clientes que pagamentos nunca devem ser feitos sem validação prévia.

A entidade também disponibiliza um canal específico para denúncias: [email protected].