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Daqui a duzentos ou trezentos anos…

Édis Milaré, um expoente na questão ambiental, com muita sapiência, pontuou que a devastação ambiental não é um privilégio de nossos dias, mas um fenômeno que acompanha o homem desde os primórdios.

É claro que ele não ignora o quanto esse fenômeno se acentuou depois de várias reformas industrial, comercial, marítima, tecnológica, associando a degradação da natureza à poluição e ao desenvolvimento e crescimento econômico, bem como ao atual momento histórico em que ela chegou a um ponto de se revelar um risco para o Planeta.

Mas, a demonstrar o quão antigo é o fenômeno, o autor faz alusão ao mito ou alegoria do Jardim do Éden, onde o homem vivia em harmonia com a natureza e de onde foi expulso por seu pecado (o pecado original) e por falta de virtudes.

Talvez a Bíblia poderia ter sido mais explícita e a história também poderia ser lida de maneira diferente, sugere o autor, numa perspectiva de que o homem não teria sido expulso do Paraíso porque Eva comeu uma maçã (o fruto proibido). O que levou à expulsão foi o fato de o homem ter exaurido o solo e perturbado a sua capacidade de manter as macieiras produtivas, o que destruiu o Jardim do Éden. Essa teria sido a percepção jurídica daquele fenômeno à luz da chamada degradação ambiental.

Essa versão bíblica (para alguns, alegórica) sobre a Expulsão do Homem do Paraíso pode, realmente, suscitar uma leitura ou um paralelo sobre a crise ecológica e ambiental que vivemos no mundo, como um questionamento acerca do que estamos fazendo com a nossa Casa Comum: o Planeta Terra. Estamos a fazer de tudo para sermos banidos de nossa “Gaia”? Recebemos recursos naturais que se formaram ao longo de milhões de anos e achamos que, sem nenhuma consequência, podemos esgotá-los todos só para o nosso imediato consumo? O que vamos deixar para o futuro? O homem, a coletividade, os Estados Soberanos e a Comunidade Internacional não têm nenhuma responsabilidade sobre isso?

Nesse ambiente, é bem oportuna a leitura de uma epígrafe utilizada por Celso Antônio Pacheco Fiorillo, em seu Curso de Direito Ambiental Brasileiro, que assim diz:

“Daqui a duzentos ou trezentos anos, ou mesmo mil anos – não se trata de exatidão -, haverá uma vida nova. Nova e feliz. Não tomaremos parte nessa vida, é verdade…
Mas é para ela que estamos vivendo hoje. É para ela que estamos trabalhando e, se bem que soframos, nós a criamos. E nisso está o objetivo de nossa existência aqui” (Tchekhov, em “Três Irmãs).

Receio que já estejamos atrasados. Porém, esperançosa de que ainda dá tempo para pensar e agir.

Silvia Regina Becker Pinto

Advogada e Professora. (espaço de coluna cedido à opinião do autor)

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