Desde a última terça-feira, quando 14 das 15 árvores que estavam no pátio da Casa Geisel foram cortados, estabeleceu-se um misto de curiosidade e indignação em diferentes meios da sociedade bento-gonçalvense.
O aspecto da inconformidade foi mais fortemente evidenciado pelo secretário executivo da Associação Ativista Ecológica, Gilnei Rigoto. Ele entende que teria sido perfeitamente viável preservar a maioria das árvores – todas em idade adulta – pois elas haviam sido plantadas na divisa do terreno e não ocupavam mais do que 80 centímetros a partir do muro. Rigoto ainda expressa certo ceticismo em relação à compensação, estabelecida em replantio de 225 mudas a cargo da Fervi, que é a dona da área. “Nem sempre as medidas mitigatórias são acompanhadas por quem deveria fazê-lo”, disse ao tempo em que expressa desejo de fazer este acompanhamento.
A curiosidade que emergiu do episódio é sobre o futuro do imóvel, que desde meados dos anos 80 foi adquirido pela Fervi para que a casa histórica recebesse uma espécie de museu. Isto efetivamente se tornou realidade apenas em dezembro de 2019, quando ali se inaugurou o Memorial Ernesto Geisel e a Junta do Serviço Militar.
O imóvel tem matrícula única no Registro de Imóveis mas a Fervi pretende utilizá-lo de forma diferente. A Casa continuará servindo ao propósito de preservar a memória do ex-presidente que durante a infância ali residiu com sua família. O terreno está sendo locado para fins de estacionamento privado. Com capacidade para 36 veículos.
Até poucos dias atrás o terreno estava emprestado ao hospital Tacchini e ali vans vindas de outros municípios e ambulâncias estacionavam. O hospital até havia se mobilizado há cerca de três ou quatro meses para permanecer com o local, mas esta semana o diretor executivo Hilton Mancio assinou carta em que agradece o empréstimo até então vigente.
FIM SOCIAL
O presidente da Fervi Nestor José Caon quer evitar celeuma e diz que até então sempre houve relação muito boa com a municipalidade e por isso mesmo o prédio continuará em comodato. Caon diz que todas as licenças necessárias ao negócio de aluguel foram tomadas. “Entre as árvores retiradas, algumas estavam completamente ocas. A Magnólia que foi preservada tem muita erva de passarinho e nós queremos saber de quem será a responsabilidade no caso de algum galho cair”. Em resposta à indignação de ambientalistas Caon evoca sua preocupação com o meio ambiente: “ajudei a criar a Fiemma e fui diretor tesoureiro das duas primeiras edições,”, relembra.
Sem revelar valores do negócio, Caon diz que a receita do aluguel será revertida à Fundação e a ata em que os membros do Conselho aprovaram já foi encaminhada à Procuradoria das Fundações em Porto Alegre.
Para a celebração do aluguel Caon garante que vários projetos foram analisados pelo Conselho (um grupo de 23 pessoas entre titulares e suplentes) e ganhou a melhor proposta financeira e aquela que mais se ajustasse às exigências da Fundação. Uma dessas exigências é que o piso seja em blocos de Pavs para garantir a limpeza do terreno e conforto dos usuários.
Segundo Caon, até pouco tempo atrás havia macega e barro no estacionamento. Isto se explicaria em função de que havia um proprietário (Fervi) um posseiro (Prefeitura) e um terceiro ente que obteve o empréstimo da área (Tacchini). “Agora desejamos que a área seja mantida limpa e nos preocupamos com o caráter social. Pelo menos cinco vagas serão reservadas graciosamente às vans de pacientes do Tacchini que venham de outras cidades.
35 ANOS DE CONTROVÉRSIAS
Adquirida pela Fundação Educacional da Região dos Vinhedos em 1985, ainda sob gestão do já falecido professor Loreno José Dal Sasso, a Casa Geisel só recentemente (20/12/85) se aproximou daquele que era seu propósito inicial: um Memorial do ex-presidente da república que ali viveu.
O interesse da Fervi pelo imóvel tem uma explicação: enquanto Presidente da República e após uma visita à Fenavinho, Geisel foi apoiador da implantação do ensino superior na cidade, inclusive repassando recursos federais para esta finalidade.
Logo após a aquisição e quando o prefeito era Darcy Pozza foi celebrado comodato entre a Fervi e a municipalidade. Este comodato vigora até hoje e pode ser desfeito mediante denúncia de qualquer das duas partes.
Durante muitos anos a casa de quatro cômodos serviu de sede da Secretaria de Saúde e posteriormente, de Trânsito. Quando o PT assumiu o governo municipal tentou devolver o imóvel, as a Fervi se recusou a recebê-lo sem que uma restauração fosse realizada pois o uso fez com que se deteriorasse. Somente no ano passado e com o auxílio do Exército na mão de obra é que o restauro foi concluído.
FOTOS E DÚVIDASCom a instalação da Junta Militar o prédio ganhou serventia de utilidade pública. O memorial ainda deve receber novos documentos, fotos e objetos que são buscados para completar o acervo, do qual faz parte um busto concebido pelo artista Dalcir Marcon.
Sobre o acervo, é de se lembrar que logo após a inauguração houve muitas críticas pela homenagem. Então aqueles que não concordam em apenas enaltecer a figura de Geisel, Militar responsável pela lenta abertura política do país nos anos 70, também poderia existir ali uma espécie de memória dos anos de chumbo. Mostrando também o lado negativo do período compreendido entre os anos de 1964/79.
No âmbito prático uma dúvida assalta críticos do novo destino do terreno: se era para ser um local de visitação, ponto turístico, como suprimir vagas de visitantes para deixá-los com a exploração comercial e privada?
Aprenda como espantar formigas com manjericão e outras plantas, sem venenos. Veja dicas naturais, eficazes…
Tricolor terá jogo decisivo na próxima rodada, recebendo o Godoy Cruz na Arena
Aprenda a fazer um repelente natural caseiro potente, econômico e seguro contra mosquitos, incluindo o…
A distribuição considerou estoques remanescentes ainda existentes nos municípios e casos da doença
Cerca de 15 crianças nascem, por dia, com essa malformação no Brasil
O evento será sediado no empreendimento Quinta São Luiz, nos dias 30 e 31 de…
This website uses cookies.