Cobertura vacinal contra meningite está baixa em Caxias do Sul

A Secretaria da Saúde de Caxias do Sul (SMS) divulgou no mês de outubro dois surtos de meningite em duas escolas de educação infantil na cidade. Conforme nota, foram registrados seis casos da doença nos dois surtos, sendo que quatro (04) crianças estiveram hospitalizadas em quadro estável. Outras duas (02) tiveram alta de forma rápida e outros casos suspeitos foram monitorados pela SMS. Atualmente, o município mantém estabilidade nos casos mas ainda há preocupação com relação ao quadro vacinal devido a baixa cobertura de vacinação contra a meningite e outras doenças.

Tipos de meningite e sintomas

A infectologista do Controle de Infecção Municipal, Dra. Anelise Kirsch, explica as diferenças entre os casos ocorridos nas crianças. Ela também destaca a agilidade das equipes de saúde, que conseguiram medicar também outras crianças que tiveram contato e assim, prevenir que não se alastrasse a doença ainda mais.

“Das meningites tivemos dois cenários diferentes e ao mesmo tempo. Um foi dos casos da doença viral que ocorreram nessas escolas e foram casos isolados. Essa meningite viral ela tem menos poder de sequela. Essas crianças foram assistidas, hospitalizadas e todas já tiveram alta e até retornaram para as escolas. E a outra situação que aconteceu foi de dois casos de meningite bacteriana, que é uma meningite mais grave para a qual já temos vacina, e também aconteceram em duas escolas distintas da cidade. Quando essa meningite bacteriana é pelo meningococo, e foi o que aconteceu, temos uma medicação para fazer no resto das pessoas que tiveram contato muito próximo com essas crianças. Fomos lá e aplicamos essa medicação para as crianças para que não houvesse um novo adoecimento nessas duas escolas. Essa medicação é o governo do Estado que nos fornece, não sendo possível comprá-la, não é medicação de livre acesso, e é bastante específica para essa situação”.

A principal prevenção da doença tanto para meningite viral ou bacteriana é o isolamento da pessoa que está doente. Por exemplo: se em uma escola uma ou duas crianças está doente e outras pessoas começam a apresentar quadros viriais, deve-se isolar para evitar o contagio de mais pessoas.

Os sintomas de meningite são:

• Cansaço/fadiga;
• Dores musculares;
• Febre alta;
• Dor de cabeça;
• Vômitos.

Baixa cobertura vacinal

A vacinação é a estratégia mais eficaz para evitar os principais tipos de meningite. Cinco vacinas fazem parte do calendário de rotina (veja abaixo) e estão disponíveis por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs). A SMS reforça a importância da imunização, especialmente em função do aumento de casos de meningite imunoprevenível pelas vacinas. Além dos seis casos em escolinhas que aguardam definição da causa, há sete casos de meningite imunoprevenível registrados em 2022, três em 2021 e dois em 2020. Em 2018 e em 2019 ocorreram cinco casos em cada ano e, em 2017 e 2016, três em cada ano.

Anelise relembra que a campanha de vacinação está ocorrendo na cidade, porém, a cobertura vacinal está muito baixa, ou seja, as vacinas não estão sendo procuradas pela população. “Principalmente crianças e adolescentes precisam fazer essa vacina para erradicar a circulação desse meningococo na cidade”.

Vacinas que compõe o calendário de vacinação

BCG

Protege contra as formas graves da tuberculose, inclusive a meningite tuberculosa
Esquema vacinal: dose única (ao nascer)

Penta

Protege contra doenças invasivas como meningite, difteria, tétano, coqueluche e hepatite B
Esquema vacinal: 1ª dose aos 2 meses de idade, 2ª dose aos 4 meses de idade e 3ª dose aos 6 meses de idade

Pneumocócica 10-valente (Pneumo 10)

Esquema vacinal: 1ª dose aos 2 meses de idade; 2ª dose aos 4 meses de idade e reforço aos 12 meses de idade

Meningocócica C

Esquema vacinal: 1ª dose aos 3 meses de idade; 2ª dose aos 5 meses de idade e reforço aos 12 meses de idade. Também está disponibilizada, até fevereiro de 2023, para crianças até 10 anos de idade não vacinadas e para trabalhadores da saúde

Meningocócica ACWY (Conjugada)

Protege contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A, C, W e Y
Esquema vacinal: uma dose em adolescentes de 11 e 12 anos de idade, a depender a situação vacinal. Até junho de 2023 adolescentes de 13 e 14 anos de idade também poderão se vacinar.

Confira a entrevista:

Coberturas vacinais

BCG

2018: 110,68%

2019: 94,23%

2020: 103,72%

2021: 83,79%

2022 (parcial): 52,07%

Penta

2018: 91,79%

2019: 79,29%

2020: 109,93%

2021: 87,94%

2022 (parcial): 48,32%

Pneumocócica 10-valente (Pneumo 10)

2018: 83,92%

2019: 99,67%

2020: 67,60%

2021: 67,20%

2022 (parcial): 41,39%

Meningocócica C

2018: 74%

2019: 126,75%

2020: 95,17%

2021: 84,08%

2022 (parcial): 49,16%