Geral

Bloco de Sujos

Estamos encerrando um ciclo, este carnavalesco, para entrarmos no período da quaresma e também para iniciarmos o ano como muitos, com boa dose de razão, acreditam.

O Carnaval do Rio, que é aquele que se acompanha pela TV, trouxe algumas escolas deixando mensagem contundente e triste. Uma crítica social que todos entendemos seja mesmo necessária. É ano de eleições, em que milhões de pierrôs e camélias vão às urnas e possivelmente vão escolher um palhaço para comandar o país.

Veja só: O Império Serrano voltou a desfilar no grupo principal do Rio depois de vários anos no grupo B. A grande Rio teve problemas na apresentação e Martinho da Vila completa 80 anos sendo tema da sua escola a Vila Isabel. Mas a sensação da primeira noite, mesmo que a Globo tentasse minimizar, foi a Paraíso de Tuiuti Ela trouxe temer como vampiro, patos amarelos conduzidos como marionetes. A Mangueira espinafrou o prefeito Crivella, que não ficou no Rio para a maior festa da cidade. Aquela festa que movimenta a economia. Veja só, investir dinheiro público pra fazer carnaval na serra gaúcha pode ser questionável. Mas no Rio? Afinal, dizem ser “o maior espetáculo da terra”.

E a Beija Flor fechou com chave de ouro. Crítica pura e uma eclosão de vozes que tomaram o Sambódromo. Está certo, era mesmo a última escola e as pessoas costumam invadir a pista. Mas indiscutível que o apelo foi grande e a adesão também. Deu tudo certo e a indignação do carnavalesco foi incorporada pelo povo, que estava ali para se divertir, mas sabe em País está vivendo.

O desfile do Rio foi isto: um aviso aos políticos, tanto quanto a marchinha de João Roberto Kelly em alusão ao ministro Gilmar Mendes, contumaz relaxador de prisões. A paciência do povo tem limites e seria bom que autoridades e políticos enxergassem isto.

Fora do contexto dos desfiles, quem deu uma de abre-alas foi o diretor da polícia federal que disse à agência Reuters prevendo que as denúncias conta o presidente Temer serão arquivadas. Não darão em nada. A verdade é uma só, de um chefe da polícia federal pode se esperar muita coisa, mas jamais que seja ingênuo a ponto de expressar, como ele justificou, uma “opinião pessoal” acerca do desfecho de uma investigação em curso.

Fernando Segóvia tem se notabilizado por estar onde não deveria e falar o que não podia. Encontrou-se com o presidente que o nomeou e é alvo de investigação em reunião fora da agenda. Declarou que a mala de dinheiro carregada pelo deputado Rocha Loures não era prova suficiente de crime. Desgostou seus comandados e parece mais um fantoche que recebe e decora o discurso a ser proferido nos microfones que lhe são estendidos por jornalistas.

 

Trata-se de uma pantomima que não deve acabar bem e que demonstra um retrocesso institucional sem igual. É a política se intrometendo onde não poderia e maneira alguma. Lobos vestidos de cordeiros, homens vis fantasiados de heróis. Pior do que qualquer bloco de sujos que, ao terminar o Carnaval voltam a se vestir com a dignidade de sempre.

Gerson Lenhard

Jornalista com atuação em jornais por 25 anos e experiência de mais de 12 anos em rádio. Acompanha a política nacional e o mundo dos negócios, especialmente em Bento Gonçalves.

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