A opção por vacinar profissionais de saúde que não estão na linha de frente de combate à Covid-19 tem causado estranheza em Bento Gonçalves. Conforme o protocolo que está sendo aplicado pela Secretaria de Saúde do município, profissionais como farmacêuticos, biólogos, psicólogos, educadores físicos e veterinários, entre outros profissionais, ganharam prioridade antes mesmo das doses começarem a chegar aos idosos. O Ministério Público Estadual deve questionar os critérios adotados, conforme afirmou o promotor Alécio Nogueira.
De acordo com um comunicado da prefeitura, a vacinação dos idosos devera iniciar no sábado, dia 13, e mesmo assim só deve atingir aos maiores de 90 anos. A vacinação será possível porque o município recebeu, nesta segunda-feira, dia 8, outras 1.960 doses, que somam um total de 4.330 doses da CoronaVac e 1.400 da Oxford/AstraZeneca, desde que iniciou a campanha. Até o momento, foram aplicadas 2.962 doses, sendo 2544 profissionais da saúde, 40 indígenas e apenas os 378 idosos em instituições receberam uma dose.
De acordo com a secretária de Saúde, Tatiane Fiorio, serão reservadas cerca de 1,4 mil doses para o grupo de idosos. “Estamos cumprindo o que determina o Plano Nacional de Imunização”, sintetizou a secretária, que disse que, caso a orientação mude, o município acompanhará as determinações.
Na próxima semana, deverão ser vacinados os profissionais que trabalham em consultórios, laboratórios e farmácias de instituições privadas, e mesmo funcionários de estabelecimentos comerciais de saúde e de outros locais que não tenham atividade assistencial direta a pacientes com Covid-19 ou suspeitos de Covid-19 também devem receber a vacina.
Essa prioridade é questionada por especialistas, que avaliam que a vacina precisa agora atingir pelo menos os idosos acima dos 75 anos, e que é preciso pensar em imunizar os profissionais da educação, para garantir um retorno seguro dos estudantes as aulas presenciais.
Este não é o entendimento da Secretaria de Saúde do município, e a opção de vacinar apenas as pessoas com mais de 90 anos parece demonstrar isso. Das quase duas mil novas doses, poucas centenas serão efetivamente direcionadas a população idosa. De acordo com o Censo Demografico de 2010, naquele ano a população com mais de 90 anos totalizava 222 pessoas. Dez anos depois, esse número não passa dos 500 idosos.
“Quem faz o regramento é o Ministério da Saúde”, afirma a secretária de Saúde de Bento Gonçalves, que calcula em quase 1,5 mil pessoas o contingente que receberá a vacina neste momento.
Nesta segunda-feira, mais de duas semanas depois de lançar a segunda versão do Plano Nacional de Imunizações (PNI), o Ministério da Saúde enviou um alerta aos secretários de saúde: é preciso seguir os grupos prioritários, e afirma que trabalhadores de saúde em geral, que não atuam diretamente contra a Covid-19, não devem ser vacinados agora. A prefeitura alega que segue um protocolo estabelecido pelo governo do estado.
A falta de clareza chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também nesta segunda, o ministro Ricardo Lewandowski determinou que o governo defina uma ordem de preferência, entre os grupos prioritários, para orientar a vacinação contra a Covid-19. “Ao que parece, faltaram parâmetros aptos a guiar os agentes públicos na difícil tarefa decisória diante da enorme demanda e da escassez de imunizantes”, escreveu o ministro.
Dar prioridade a públicos-alvo e ter clareza em quem deve ser vacinado em cada fase é fundamental para o êxito da campanha de imunização, mas os critérios que delimitam o plano de vacinação precisa responder diretamente ao risco de mortalidade.
Entrevista com a Secretária da Saúde do município de Bento Gonçalves, Tatiane Misturini Fiorio:
Reportagem Leouve: Qual a explicação para que profissionais de saúde que não atuam na linha de frente contra a Covid-19 recebam a imunização antes dos idosos acima de 60 anos, com exceção dos idosos ILISP?
Tatiane Fiorio: Estamos cumprindo o que determina o Anexo II do Plano Nacional de Imunizações, elaborado pelo Ministério da Saúde e o que Determina a Resolução CIB nº07/2021 da SES.
RL: A cidade recebeu novas 1.960 doses esta semana, das quais cerca de 400 serão utilizadas para imunizar idosos acima dos 90 anos, conforme anunciado pela prefeitura. Qual destino das doses restantes?
TF: A estimativa de idosos de 90 ou mais moradores de Bento Gonçalves é de 1.469 pessoas. As doses recebidas serão para vacinar primeiramente esse grupo prioritário.
RL: Por que não incluir nesta etapa todos os idosos acima dos 85 anos, número que deve girar em torno de duas mil pessoas?
TF: A estimativa de idosos entre 85 a 89 anos moradores de Bento Gonçalves é de 1.640 pessoas. Neste momento, não temos doses suficientes para vacinar todo esse contingente.
RL: Porque a decisão pela linha de corte aos 90 anos?
TF: Pela estimativa populacional do município.
RL: Os idosos são a camada da população com mais mortalidade e aqueles que sofrem as fases mais graves, necessitando de atendimento hospitalar e de UTI. Por conta disso, não deveriam estar entre os prioritários?
TF: Quem fez o regramento do grupo prioritário foi o Ministério da Saúde, através do PNI (Plano Nacional de Imunizações), este ordenamento foi pactuado na Secretaria Estadual de Saúde através de Resolução.
RL: Com o entendimento do STF que questiona a prioridade para profissionais de saúde que não atuam na linha de frente contra a Covid-19, há estudos para modificar o protocolo atual?
TF: Os municípios tem a obrigatoriedade de seguir o que é determinado pelo MS. Se alguma alteração for feita, nós seguiremos.
RL: Como a secretaria lida com as denúncias de fura-filas?
TF: Recebemos até o momento 01 denúncia através do MP. Ela foi prontamente averiguada e não procedia.
RL: Por que a opção por vacinar os idosos em sistema drive-thru? É possivel vacinação domiciliar para esta camada:da população?
TF: O sistema de Drive-thru tem se mostrado muito ágil e eficiente, por isso dessa escolha. Os idosos que tiverem dificuldade de deslocamento deverão entrar em contato com a Unidade Básica de referência para agendar posterior vacinação.
RL: Qual seu entendimento sobre a pertinácia da volta das aulas presenciais sem a vacinação para professores e funcionários de escolas?
TF: Realizamos um estudo referente ao impacto do retorno as aulas ocorrido no final do ano passado, e o resultado do estudo mostrou que não tivemos nenhum impacto relevante neste retorno. Sou de parecer favorável ao retorno considerando todos os protocolos já estabelecidos e o atendimento na integralidade dos Planos de Contingências elaborados pelas escolas.
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