Geral

Aquela turma do vôlei…

Na dinâmica das relações humanas, mais do que a relação figadal e profundamente emocional dos casais enamorados, sempre me causou curiosidade e certa incompreensão as idas e vindas de grupos de amigos.

Afinal, homens e mulheres e quem quer mais que forme um “casal”, têm um roteiro  mais ou menos previsível. Em comum o sonho da casa, da família com filhos, de construir patrimônio e viver uma terceira idade em segurança. É um desejos dos jovens apaixonados envelhecer junto do seu par. Muitas vezes dá certo. Noutras o rompimento deixa marcas indeléveis.

Os grupos de amigos se formam de maneiras diversas e muitas vezes as pessoas acabam nem lembrando porque é que estão ali sentadas ao lado daquela pessoa que gostam tanto ou, pior, daquela guria chata. Grupos se formam no futebol, no vôlei de praia, na escola ou no bar. Junta-se gente que não tem nada a ver, a não ser aquele momento de lazer e descontração em que tudo parece mais lindo e sem conflito. Mas, em regra, os grupos duram só algum tempo. Assim como surgiram ao acaso, se dispersam sem causa específica: é um casamento, uma mudança de emprego, alguém viaja e não volta, outro é atropelado e também não volta. Ou ainda, uma turma nova e mais interessante. Afinal, este negócio de amizade exige doação de tempo, dedicação.

Lembro de um dos melhores grupos dos quais já participei. Jogávamos vôlei no ginásio da Apae. Tinha de criança a avô. Tinha gordo, magro, gente em forma e outros enferrujados. Professor, policial, advogado e desempregado. De tudo um pouco. Foi, possivelmente, a turma mais coesa que conheci. Depois do jogo sempre um chopinho, uma pizza e muita conversa e risos.  Aí um casal se separou. Outra pessoa se mudou. Mais um foi transferido e isso mesmo, alguém morreu. O vôlei parou e muitos amigos não vi mais. Outros a gente acena com a cabeça e segue em frente que a vida chama.

Tempos depois encontrei uma amiga e começamos a elaborar um encontro da velha turma. A conversa e a ideia não duraram dez minutos. Ao fazer a relação de quem convidaríamos vimos que alguns já não estavam entre nós. Outros não viriam por estarem morando longe. Mas até aí tudo bem. O bicho pegou mesmo quando minha amiga fez restrição a um nome e eu a outro. Desencontros que a vida nos oferece. Olhamo-nos com sorriso amarelo e constatamos uma das mais velhas lições: o tempo não volta. Triste e libertador. Ter memórias e boas lembranças importa mas não sustenta.

E agora há esta questão dos grupos em redes sociais. Aí você é adicionado a um grupo em que não conhece muitas das pessoas apenas porque torce para o mesmo time ou exerce a mesma profissão. E quando menos se espera tem o chato que quer te fazer votar no Bolsonaro ou na Marina, não importa. E gente que te manda o gemidão no meio da madrugada. Tem dó.

Relações sociais são sempre desafiadoras. Conviver em harmonia dentro da família requer paciência e negociação. Mas nas redes sociais? Não há porque suportar os chatos. Sai fora, sem dó.

ps – sobre a turma do vôlei ainda: fica a triste impressão/ convicção que nenhum deles lerá este texto.

 

Gerson Lenhard

Jornalista com atuação em jornais por 25 anos e experiência de mais de 12 anos em rádio. Acompanha a política nacional e o mundo dos negócios, especialmente em Bento Gonçalves.

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