Após acordo, funcionários da Visate encerram paralisação em Caxias do Sul

Após oito horas de negociação, os funcionários da Visate, empresa responsável pelo transporte público coletivo de Caxias do Sul, optaram pelo encerramento da paralisação. A mesma teve início no final da madrugada desta terça-feira (8), devido ao atraso do pagamento dos salários. Estima-se que até às 15h30  a totalidade da frota esteja circulando normalmente nas ruas caxienses.

Por volta das 13h25, após a terceira reunião entre o Sindicato dos Rodoviários e a Visate, foi confirmado uma antecipação de valores com o banco da empresa, com o compromisso assinado da prefeitura de Caxias do Sul para o repasse do subsídio de R$ 6 milhões do Governo Federal até quarta-feira (9).

Segundo informações, o valor total dos salários será pago até às 16h.  A Visate possui 836 funcionários nos diversos setores da empresa.

Assembleia decidiu pela paralisação

Após receberam na segunda-feira (7) apenas 30% dos salários, os funcionários da Visate decidiram, no final da madrugada desta terça-feira (8), pela paralisação das atividades devido ao atraso do pagamento dos salários. Com a adesão, nenhum ônibus saiu das garagens da empresa no bairro São Caetano, deixando assim a segunda maior cidade do Rio Grande do Sul sem transporte público.

Reunião e tratativas pela manhã

A manhã desta terça foi de reuniões entre funcionários, empresa e prefeitura municipal. A última proposta foi referente aos repasses. Nesta segunda, foi pago 30% do salário; nesta terça, seria pago mais 30%; e finalizando o restante nesta quarta-feira (9), quando o subsídio da prefeitura entrar. Caso não houvesse acordo, 50% dos trabalhadores deveriam retornar ao trabalho, conforme mediação do Ministério do Trabalho. A proposta não foi aceita, e posteriormente iniciou nova rodada de negociação, que culminou com o pagamento na integralidade dos salários, e retomada dos serviços por volta das 13h25.

Visate afirma que repasse atrasado da prefeitura chega a R$ 26 milhões

O diretor executivo da Visate, Gustavo Marques dos Santos, realizou coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (8) para falar sobre as paralisações dos funcionários da empresa. Conforme ele, a prefeitura de Caxias do Sul deve cerca de R$ 26 milhões à companhia que presta o serviço de transporte coletivo urbano no município. Segundo Gustavo, a responsabilidade de toda a situação é do próprio Poder Executivo.

Ele ainda destacou que durante a pandemia a empresa teve perdas no número de usuários, e que apenas 70% destes retornaram ao serviço. Citou ainda outras prefeituras de diversas do Brasil que ajustaram o sistema, citando exemplos de Canoas, Gravataí e Porto Alegre, o que não teria acontecido na cidade da Serra Gaúcha.

“Caxias mal aportou R$4 milhões para pagar o 13º [salário] do ano passado. Então, isso que o Adiló [Didomenico] fala que o sistema está adequado, que a condição contratual está OK, está longe, tanto é que o ano passado nós entramos no Tribunal de Justiça pedindo uma mediação da prefeitura, porque mês a mês estávamos apresentando esse desequilíbrio, que no final do ano chegou a R$ 26 milhões”, destacou.

Conforme Santos, alguns itens utilizados nos ônibus sofreram com aumentos no mercado.

“Ela [prefeitura] reconhece, depois de 12 reuniões ela não conseguiu chegar a uma denominador, é burocracia, eles não conseguem dizer se devem ou não devem esse valor, e isso vai se agravando dentro do sistema. Tu tira um aporte desse que era para ter entrado, em consequência disso houve os aumentos dos insumos. O óleo diesel aumento 50%, pneus 70%” destacou.

O diretor executivo ainda falou que a questão de falta de ônibus e horários é uma questão que a prefeitura deve buscar resolver.

Prefeito Adiló diz que prefeitura não deve

Ainda na manhã desta terça-feira (8), o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) se manifestou em entrevista ao “Bom Dia Trabalhador”, da Rádio Viva. Recentemente, a prefeitura recebeu um subsídio de R$ 6 milhões do Governo Federal, e conforme o chefe do Executivo, após alguns percalços, na última sexta-feira (4), a administração decidiu como será feito o repasse à Visate, o que deve ocorrer nos próximos dias.

Mesmo assim, falou que tal a paralisação e a falta de pagamentos lhe pegou de surpresa.

“Então, é uma situação que nos deixa muito intrigados, e nós vamos agir com muito rigor em cima dessa situação. Não é possível deixar a população na mão, com falta de ônibus por causa de um recurso que veio para subsidiar. Ok, é um recurso que vai ser repassado para a empresa, e isso vai ser cumprido entre hoje e amanhã. Agora a empresa não podia deixar a população na mão, ela tem um compromisso” destacou o prefeito.

Adiló concluiu falando que a Visate deve cumpriu com o contrato, destacando que a paralisação não se justifica.

“A nova licitação que foi feita, o contrato está rigorosamente em dia, a diferença é que deu em torno de R$4 milhões nós pagamos, repassamos à empresa, ou seja, desse contrato, dessa nova licitação, nós não devemos um centavo para a empresa. A empresa sim deve algumas explicação para a população porque seguidamente têm reclamações” afirmou Adiló.