Anúncio de expansão da Amazon aumenta risco para grandes do e-commerce no Brasil

A XP Investimentos disse ver mais risco para o cenário competitivo em que Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) atuam, após a Amazon (AMZO34) anunciar a expansão no Brasil de três programas logísticos. A companhia norte-americana também informou o lançamento de um programa que busca atrair mais vendedores para sua plataforma de marketplace.

“A notícia é negativa para as empresas de e-commerce brasileiras, uma vez que indica um aumento da competição de um player altamente capitalizado e consolidado no setor globalmente”, disse a XP. A corretora segue com recomendação neutra para Magazine Luiza, Via e Americanas, segundo relatório assinado por Danniela Eiger e equipe.

Impacto
Os anúncios feitos pela Amazon – e que adicionam cautela para MGLU3, VIAA3 e AMER3 – foram os seguintes, conforme lembra a XP:

Lançamento do Indique e Ganhe, um programa que paga vendedores que indicam novos vendedores para venderem na plataforma de marketplace da Amazon (o incentivo pode chegar até R$ 200 por indicação/cadastro), além de também contar com um incentivo de até R$100 para o novo vendedor começar a vender;

Expansão do FBA (Fullfilment by Amazon) para o Paraná e Rio de Janeiro, vs. antes restrito apenas a São Paulo. Nesse programa, a Amazon é responsável pelo armazenamento e distribuição dos produtos do vendedor.

Ampliação do DBA (Delivery by Amazon) para mais de 1 mil cidades e 10 estados, vs. antes restrito também apenas a São Paulo. Aqui, parceiros logísticos da Amazon retiram os produtos em endereços indicados a um custo mais baixo do que se fosse feito pelo próprio vendedor.

Ampliação do programa de Vendas Internacionais para vendedores que atendem os critérios de elegibilidade dos EUA, vs. antes apenas para uma base restrita de vendedores. Nesse programa, o vendedor conta com o apoio da infraestrutura logística da Amazon nos EUA, além de apoio na divulgação e ferramentas de venda.

Os anúncios são feitos em um momento de forte pressão sobre os papéis de Magazine Luiza, Via e Americanas. A perspectiva de alta de juros e inflação leva os investidores a uma previsão de vendas mais fracas. Em relatório, a Ativa Investimentos lembrou que a exposição da empresa a bens duráveis em um cenário de desaceleração econômica e com o poder de compra do consumidor brasileiro limitado vem prejudicando os resultados do segmento 1P e das lojas físicas das varejistas.

A ação do Magazine Luiza, aliás, foi o destaque de baixa do Ibovespa em maio. Os papéis do varejista acumularam uma desvalorização de 23,77% no mês – os dados consideram o período de 30 de abril a 31 de maio de 2022.