Geral

A diversidade, a xenofobia e a resistência

Bem que a Copa do Mundo disputada na Rússia este ano e encerrada neste domingo com a vitória irrefutável de uma seleção francesa que representa a inevitável vitória da diversidade sobre o racismo e a xenofobia poderia ensinar lições ao mundo pra muito além do futebol, mas essa é só mais uma utopia que atende por nomes senegaleses, argelinos, angolanos, camaroneses ou filipinos, os mesmos que seguem sendo cotidianamente expulsos de campos de refugiados nos arredores de Paris sob a chancela do mesmo presidente que gritava a cada gol multiétnico na copa russa.

A Copa não vai mudar Macron, e nem terá o poder de abater a intolerância no abraço colorido dos azuis em campo, nem vai valorizar o nacionalismo incipiente de povos que até há pouco viviam manietados pela mão de ferro do marechal e, quando se livraram da opressão da cortina, começaram a se matar fraternalmente para renascer na simpatia simples de uma presidente que abraça.

Não, definitivamente, o mundo não vai ficar melhor depois da copa, mas pelo menos as coisas parecem ter se tornado mais claras, e a hipocrisia ficou cada vez mais escancarada.

E talvez seja esse mesmo o legado dessa copa: o desmascaro da intolerância, da misoginia, do machismo e da ignorância de uma humanidade que parece correr inexoravelmente em direção à intransigência, como a inaugurar, cem anos depois do período mais belicoso da paz no mundo, uma nova marcha mundial rumo ao desentendimento.

O certo é que quando um bando de mal-educados com dinheiro no banco pra cruzar o mundo atrás de uma bola canta sua ignorância humilhante com quem não conhece sua língua primitiva, a destilar sua deformação afetiva e sua incapacidade imatura de respeitar o outro, é a derrocada da cultura e da humanidade que sai vitoriosa.

Vivemos em um mundo falido dos valores que realmente importam, e distante do que efetivamente pode nos fazer crescer. A opção moderna parece ser pelo atraso e pelo isolamento e, com certeza, isso não nos levará a algum lugar melhor.

E assim, num mundo onde Trumps e Putins dissimulam seus interesses e escondem suas reais intenções, seguimos incautos resistindo a todas as idiossincrasias, ainda que, nas repúblicas de bananas que tornamos o mundo todo, os cantos que já foram hinos de resistência sejam reduzidos ao mais venal dos sentidos.

Redação Leouve

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